Onde a lua está
Descortinando nuvens
Estrelas nos veem.
Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
Escrevo poesia aos pedaços
porque minha vida
é vivida em fragmentos:
um dia de cada vez.
Assim como a vida
minha poesia, às vezes, explode
e se espalha sobre o chão
onde as pessoas pisam.
Minha poesia as segue
O corpo dança
Desce
Relança
no espaço vazio
Da esperança
Que
se transforma
Em abundância:
Um dia
O corpo
dança
Se consome
Repensa
Na luz
da candeia
Que
se alumina
E se
transforma
Em relevância:
Um dia
O
corpo dança
E se
lança
Absorve
O brilho
da magia
Que
se recria
E se
transforma
Em criança:
Todo
dia.
Rodas
Transladam, por ventura, do eterno para o efêmero:
Levam meu adeus às rosas
Laranjas
Vermelhas
Lilases.
Rosas tiranas
Rosas da aurora
Tiranas rosas
Nosso amor primordial roda.
Nos caminhos das rosas,
Rodam.
No escuro da madrugada
minha inexistência dorme
e sonha
com um mundo maravilhoso
que nem existe.
Eu queria era uma saudade
Daquele sertão, daquela beira de rio
Porque o rio está sempre lá
Embora nunca seja a mesma água
Ele quer sempre é chegar
Nas larguras e profundezas.
Quero dormir de cara para a lua cheia:
Tudo é preto no meio do luar
Preto e invisível quero ficar.
Vida é um conceito que a gente cria
Rastreando e medindo o mundo
A olhos e a cheiros de manhãs.
Todo dia é véspera e acontece,
Acontece por já estar pronto,
Mesmo sem a gente saber
Do amanhã, em nossos sonhos.
Em sonhos procuramos destinos
Pedimos que não nos atrapalhe
Contamos nossos segredos de viver
Nossa realidade, sem astúcias,
Nossas esperanças e desconsolos.
Na vida aprendemos, sempre,
A fazer nossas grandes perguntas
Ao rio que, em sussurros, nos responde:
É na alegria que se realiza.
Na alegria eu me levanto
Sabendo tudo que eu quero
Uma coisa somente eu diria
Quero apenas ser sempre eu.
E como o rio vou seguindo
Procurando larguras e profundezas.
Aquele sossego presente nos silêncios:
Rastros, deixados por falas humanas
Nas carregadas brisas das manhãs,
Perturbam corações inquietos.
Não é, necessariamente, o silêncio
O elemento mais perturbador,
É a desesperança que o acompanha.
Territórios precisam de esperança
Para além de suas esquisitices,
Para além de suas tristezas interligadas.
Recordar, é o que sobra
De nosso entendimento das trivialidades.