Rodas
Transladam, por ventura, do eterno para o efêmero:
Levam meu adeus às rosas
Laranjas
Vermelhas
Lilases.
Rosas tiranas
Rosas da aurora
Tiranas rosas
Nosso amor primordial roda.
Nos caminhos das rosas,
Rodam.
Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
Rodas
Transladam, por ventura, do eterno para o efêmero:
Levam meu adeus às rosas
Laranjas
Vermelhas
Lilases.
Rosas tiranas
Rosas da aurora
Tiranas rosas
Nosso amor primordial roda.
Nos caminhos das rosas,
Rodam.
No escuro da madrugada
minha inexistência dorme
e sonha
com um mundo maravilhoso
que nem existe.
Eu queria era uma saudade
Daquele sertão, daquela beira de rio
Porque o rio está sempre lá
Embora nunca seja a mesma água
Ele quer sempre é chegar
Nas larguras e profundezas.
Quero dormir de cara para a lua cheia:
Tudo é preto no meio do luar
Preto e invisível quero ficar.
Vida é um conceito que a gente cria
Rastreando e medindo o mundo
A olhos e a cheiros de manhãs.
Todo dia é véspera e acontece,
Acontece por já estar pronto,
Mesmo sem a gente saber
Do amanhã, em nossos sonhos.
Em sonhos procuramos destinos
Pedimos que não nos atrapalhe
Contamos nossos segredos de viver
Nossa realidade, sem astúcias,
Nossas esperanças e desconsolos.
Na vida aprendemos, sempre,
A fazer nossas grandes perguntas
Ao rio que, em sussurros, nos responde:
É na alegria que se realiza.
Na alegria eu me levanto
Sabendo tudo que eu quero
Uma coisa somente eu diria
Quero apenas ser sempre eu.
E como o rio vou seguindo
Procurando larguras e profundezas.
Aquele sossego presente nos silêncios:
Rastros, deixados por falas humanas
Nas carregadas brisas das manhãs,
Perturbam corações inquietos.
Não é, necessariamente, o silêncio
O elemento mais perturbador,
É a desesperança que o acompanha.
Territórios precisam de esperança
Para além de suas esquisitices,
Para além de suas tristezas interligadas.
Recordar, é o que sobra
De nosso entendimento das trivialidades.
“O correr da vida embrulha tudo”.
Coragem. É o que Deus quer da
gente?
Ficar alegre no meio da tristeza?
E sentir a dor dos sentidores?
Ah, esta vida desgarrada
No meio do bravo sertão,
Onde vou escrevendo em cores,
Meu coração em estado de moleza
E sons amotinados na doce canção.
Enquanto isso a morte, sem
sutileza,
Se esvai nas raras fumaças dançáveis.
Acima das fogueiras do sertão.
E as moças morenas, em passeata,
Com cabelos pretos rebrilhados
Por óleo de umbuzeiro
E flores enfeitando espíritos
Vão bordeando a mata
Molhando os pés em suas veredas
E a cachaça vai tomando gosto
A cachaça vai tomando cor
Nas dornas de umburana dos alambiques.
Será servida nos acompanhamentos
E pelo sertanejo conduzida
Como pagamento de sua passagem
Na fronteira de outra vida.