Fizeram filhos revolucionários
Eu não
Não critico mais
Parabenizo-os.
Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
Bobagens faladas
soltam-se no vento
viram evento
notícias de jornal televiso.
Bobagens escritas
saem no segundo caderno
do jornal de domingo.
E as minhas bobagens?
Transformo-as em poesia
coloco-as num blog
metamorfoseam em bloesia
(ou seria bloguesia?)
Mas aquelas bobagens mais insanas
que não podem ser vistas
na sala de visitas
eu as engarrafo
enterro de noite num buraco de terra
e só me arrisco a desenterrá-las
depois de anos
quando provavelmente
se gaseificaram
e, quando abro a garrafa,
elas se evaporam como acas mau-cheirosas.
Saber ler os rastros dos bichos
Pode significar a sobrevivência na selva
Qualquer selva
Mesmo na selva urbana.
Saber ler os garranchos de minhas palavras
Pode ser a minha sobrevivência
De escrevente,
Quiçá poeta.
Saber ler os sons dos instrumentos
E colocar palavras neles
Significa sobrevivência da música
E dos músicos.
Minha grande frustração:
Não sei tocar um instrumento.
Só conjugo o outro verbo tocar,
O de meter o bedelho onde não sou chamado.