Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
quinta-feira, janeiro 19, 2012
CURTA 146
Possibilidades e suas negações:
paradoxos da vida humana.
Se pudesse, não voltaria no tempo.
Modificar-me me assusta.
Quero minhas transformações
em tempos futuros.
Mutações em viagens no tempo?
Nem pensar.
Correria o risco de não viver
todas as belezas das esquinas.
BIFURCAÇÕES
"O mundo é um jardim
de caminhos que se bifurcam"
e nos conduzem a labirintos temporais.
Separação entre tempo e espaço
é coisa renascentista,
dos pêndulos galileanos.
Tempos e espaços contemporâneos
mesclam-se novamente.
Não sei o que fui
na janela do amanhã
nem o que farei
nos portais do anteontem.
Caminhos se bifurcam
como ponteiros de antigos cucos.
terça-feira, janeiro 17, 2012
POESIA E CIÊNCIA
Poesia é ampliação da linguagem:
existe para avançar seus limites
explicar o inexplicável
exprimir o inexprimível
prolongar o alcance das inteligências
abrir janelas do universo extensível
antecipar o avanço das ciências.
Entendemos os amanhãs
lendo a poesia de hoje.
CURTA 145
Gosto de viajar pelos meus desertos
pelo prazer do encontro
com poças d'águas claras.
Lavo-me.
Retiro grãos de areia aderidos.
Renovo minha sede fundamental.
Nada como voltar do deserto.
segunda-feira, janeiro 16, 2012
CURTA 144
Hoje acordei parnasiano.
Serei modernista no fim de semana?
Preciso das bênçãos
das meninas da gare.
(para Raquel)
CURTA 143
Sob as pedras dos jardins
algo mais que formigas:
os espíritos de pedras lá habitam.
Uns são brincalhões,
outros se alimentam de limo,
alguns são carnívoros.
Estes mordem nossas culpas
encalhadas nas pontas de nossos dedos.
terça-feira, janeiro 10, 2012
ERRATA
Desculpem, um texto foi colocado aqui, por engano, e já retirado. A publicação de nome "TEMPERAMENTO" pode ser lida no blog: http://ecct-analema.blogspot.com.
Obrigado
sexta-feira, janeiro 06, 2012
CURTA 142
Cicatrizes são cicatrizes.
Lembram-nos sinistros anteriores.
Minha cicatriz é a memória simbólica
dos meus sete anos.
Souvenir do cheiro de hospital,
da sirene de ambulância,
das viagens de trem,
da inauguração da estrada,
do olhar condolescente das pessoas,
de meu desgosto por maçãs e peras.
Tudo vem ao ver minha cicatriz.
CURTA 141
Disseram-me que eu morri.
Eu não sabia.
Telefonemas mantiveram-me informados
desse evento fúnebre.
Ninguém sabia do local
nem horário de meu crematório
(vale como registro:
quero ser cremado).
Por isso, não compareci.
quinta-feira, janeiro 05, 2012
OBJETOS 34
Objetos para salvar janeiros chuvosos:
caiaque para navegar itapecirica
e deleitar sabores de uma divina;
capas para cobrir minha nuca
mantendo secas minhas neuroses;
botas que projetem minha pisadura
além da margem escura
das paixões e das amarguras.
segunda-feira, janeiro 02, 2012
OBJETOS 33
Objetos com os quais recomeçar o ano:
bilhetes para aquele voo que não tomarei;
páginas escritas do livro que não publicarei;
partituras da música que não comporei;
pedras da estátua que não esculpirei;
tintas do quadro que não pintarei;
alimentos da dieta que não seguirei;
caderno novo para registros
de novidades que aprenderei
e de projetos que inacabarei;
agenda nova para anotações
de compromissos que assumirei,
de pessoas que conhecerei,
de lembranças daquelas que amarei
e de novos amigos que farei.
Objetos para a vida que viverei
até o dia em que amanhecerei janeiro.
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