quinta-feira, outubro 31, 2013

CURTA 216


Quer falar comigo?
Um minuto de silêncio!
Tempo de ler seus pensamentos,
imaginar mundo sem ruídos,
escutar canto de pássaros,
telepatizar nossos assuntos.
Para início de conversa.

domingo, outubro 13, 2013

Desnumerado


Nem todos são Drumond,

nem todos tem leitores, 
nem todos escrevem para um público,
no entanto, quem escreve merece respeito.

sábado, outubro 12, 2013

CURTA 215


Impodere-te, desdobre-te.
empodere-te de teus acasos,
dobre-te naquelas curvas 
de maceônicas estradas,
iluminte-te com leves inquietações.
Cuide-me em teus poderes
como cenário de teus olhares.

OBJETOS 51


Objetos para desdobramentos imponderáveis:
lunetas astronômicas para mirar Vênus,
iluminado planeta de nossos entardeceres;
mapas para observação da Lua
e seus mares serenos desaguados;
poemas escritos em sinais de fumaça
registros de instante fugaz na eternidade.

segunda-feira, outubro 07, 2013

CLARAVENTO 2



Algumas músicas devem ser apreciadas

Em noites de tempestade:

Dançá-las requer sintonia com os uivos de vento.

Alguns livros devem ser lidos

Ao claro sol de inverno:

Aquecem a alma mais que o dia.

Alguns vinhos só podem ser bebidos

Em boa companhia:

Bebe-se simultaneamente

O vinho e a companhia.

Alguns filmes precisam de solidão

Para serem entendidos:

Uma solidão a dois às vezes é permitida.

Algumas conversas precisam de público

Para serem espalhadas:

De cabeça em cabeça falas se entornam.

Algumas palavras que digo

Precisam que bons ouvidos as escutem

E lhas deem um significado

Por poucos entendido.


quarta-feira, outubro 02, 2013

CLARAVENTO 1



No início são gotas claras
que o vento leva e traz.
Quando elas se juntam 
formam caudalosos rios
que o vento apenas balança
formando vagas.
Sobre as vagas, no entanto,
viajamos até onde
a imaginação nos levar.

A IARA E O CABOCLO


Olhos fascinados
Pela sereia saindo das águas.
Iara morena em banho de cachoeira
Límpidas águas calcárias
Límpidos olhares amendoados
Como castanhas andaluzas.
Cabelos em anéis opaciados
Pela etérea fumaça de uma fogueira.
Chocalho nas mãos
Entoando cantos aos seres da floresta.
Duendes ? Deuses ? Ânimas ?
Espíritos das matas ? Sacis ?
Vozes de animais
Corais onomatopeicos
Cães, micos-estrela, gralhas,
Formigas, cigarras, cupins.
Barulho de rio
Meu coração que palpita
Cometa, estrela cadente
Estrela fixa ou errante
Planetas, meteoros e meteoritos.
Fascínio pela Iara morena
Nas águas calcárias
E nas pedras ensolaradas
Acompanhando o curso do rio.
Iara morena jogou feitiço
E caboclo mergulha direto
No profundo escuro do rio.


DIAPOSITIVOS

  
O beija-flor azul
bebe a gota de chuva do arco-íris.
A manhã clareia,
um cavalo branco sobre a grama molhada.
Beija-flor azul,
manhã,
cavalo branco,
gota de chuva,
arco-íris.
Imagens de um despertar ?
Fotografias abandonadas sobre a mesa
antes de dormir.
Fotogramas, diapositivos superpostos
em minha mente dispersiva.

OBJETOS, QUASE.


Objetos plenos de nada,
Somatório de buracos, rede.
Nada, mais quase nada
é igual a objeto.

Xícara de chá, lápis,
copo de plástico,
livro de poesias,
garrafa de cerveja
cheia ou vazia
dá no mesmo:
tudo embriaga.