terça-feira, dezembro 24, 2013

SABEDORIAS CINEMATOGRÁFICAS 2


"A vaidade é meu pecado predileto",
disse o diabo (Al Pacino)
a seu advogado (Keanu Reeves)
em cena final de O Advogado do Diabo,
dirigido por Taylor Hackford.

sábado, dezembro 21, 2013

CURTA 225


No rio nada dura,
nem paz de canoeiro.
O avolumado das águas
tudo leva:
canoa, canoeiro e paz.
O remanso da margem
turbinado redemoinho vira.

RELEITURAS ROSEANAS 16


Sou "homem de família,
merecedor de silêncio..."
É em silêncio que se aprecia
as belezas dos sons
e a clareza das notas.
Em bocas fechadas,
certezas de convencimentos.
Em silêncio nos conhecemos,
desnecessidade de espelhos,
nos diplomamos na vida
para conduzir em travessias,
seja de rios caudalosos,
seja de veredas lacrimejantes.
Em silêncio farejamos mundos
e suas aleatórias armadilhas,
desfazemos nós de garganta,
secamos lágrimas escorrentes,
soltamos o primeiro sorriso,
até que ele se abre, escaldante,
naquele riso, agora sim,
em altos sustenidos.

CURTA 224


Flor é flor, mas despetala.
Alegria se desalegra
só de quando em vez.
Aquela, de sorriso solto,
sempre volta a se apoderar do rosto
em que se hospeda.


RELEITURAS ROSEANAS 15


"A gente se esquece - 
e as coisas lembram-se da gente".
A gente se duvida sempre
e a dúvida se azoa da gente.
A gente se amiúda no caráter
e o caráter se agiganta
no interior da estreiteza
no arrebento das valentias
enrugando sobrancelhas.
A gente se arrepia nas dores,
as dores de todas as marias
e de todos os josés:
as dores impermanecem
em almas não querentes.
A gente se esfacela em pedregulhos,
calcáreos quebradiços ou quartizitos,
nas enduranças das trajetórias,
nas sílicas batalhas diárias
entubando de pedras as vesículas.
Mas a gente se alegra
por um nadinha de nada: 
olhar de soslaio da amada, 
sorriso de clarices e patrícias,
água fresca na talha,
eletrocardiograma preciso na tela, 
poesia boa na panela.
Coisas borbulhantes de dentro
nunca se esquecem do jeito
que o amor se arrebenta no peito.

quinta-feira, dezembro 12, 2013

OBJETOS 52


Objetos para mudanças de ciclos:
anel de aço cirúrgico
como símbolo de nova vida;
agenda de couro estilizada
onde novos encontros são marcados;
prancha sintética ergométrica
para surfar em desconhecidas ondas.

terça-feira, dezembro 10, 2013

NOTAS DE LEITURA EM REVISTA DE BORDO 20


1. A verdadeira culinária afetiva brasileira está no interior, nos grotões do país. Quem viaja pelos grandes centros, como eu, tem apenas uma ligeira noção dessa gastronomia, nos bons restaurantes metropolitanos, às vezes temáticos, geralmente muito caros. Ou nos livros de receita.

2. Eduardo Coutinho, documentarista, ganha restrospectiva em livro. Não mereceria um bom documentário, também?

3. Jota Quest, uma banda (boa) de músicos brancos (quem é branco neste brasil?) de classe média, lança disco black. Som de periferia. O mundo negro se infiltra nas artes, principalmente. Infelizmente não acaba com o racismo.

4. Arte de vanguarda ou retrospectiva? Seja qual for nossa preferência em algum museu de arte ou espaço de exposição no Brasil, a encontramos. É só seguir a faixa amarela na calçada de nossas vidas.

5. Enquanto se voa se aprende e se medita (opcionais as duas coisas, claro). Mas a comidinha aérea continua triste.

6. Um surfista brasileiro salvou outro surfista (uma surfista) de morte certa e ainda pegou a onda recorde, mais de trinta metros, em Nazaré, Portugal. Alguns brasileiros vão além dos limites. E eu nem sabia que tem onda tão grande em Portugal. Ou são os pátrícios fazendo onda?

7. Stanley Kubrick em exposição no Museu de Imagem e do Som, no rio de Janeiro. Vale a pena. 

8. Não dá mais para saber como cidades grandes, como Belo Horizonte, modificam suas paisagens. Aquele andar aleatório antes possível, que fazíamos a qualquer hora do dia ou da noite, não existe mais. Aos dias, trânsito maluco, à noites, perigo de violência. Ser poeta dos deslocamentos urbanos hoje em dia está difícil.

9. Minha bicicleta fez quarenta anos. Para comemorar fui de bike de Londres a Paris, não com ela, com a outra. Infidelidade devido ao transporte, mas a homenageada era ela. Breve nos blogues do ramo.

10. O mar e uma jangada. Sempre hipnotizam.

11. O silêncio de São Paulo em fins de semana é perturbador e confortador ao mesmo tempo.

12. Certa vez assisti Daniela Mercury em teatro em Paris. Não me encantou. Anos depois a assisti de novo em São Paulo, no Ano Novo da Paulista. Boa, mas continuou não me encantando. Agora dá lições de coragem para o Brasil, não por causa da música, por causa de um relacionamento. Agora sim,, me encantou.

13. O vento que venta aqui, qualquer dia venta lá onde o sol te acalenta. Siga o vento e surpreenda-se.