segunda-feira, junho 30, 2014

RELEITURAS ROSEANAS 18


Bonanças e tempestades em desalinho
rascunham o passado
em novas realidades:
novas histórias modificam-no
em páginas, contraditórias, reescritas.
Cavalo passou arreado três vezes 
em minha vida: remontei-o.
Três vezes a felicidade bateu
à minha porta: agarrei-me a ela,
não desgrudo nem desapego.
Três vezes as ilusões perdidas
reapareceram: revivo-as
sempre que o coração se aquece.
Três é um número de boa sorte?

terça-feira, junho 24, 2014

RELEITURAS ROSEANAS 17


No descabimento de minhas lembranças
recupero meus últimos olhares;
no descumprimento de minhas palavras
recomponho minhas posturas;
na desfaçatez de minhas andanças
reafirmo minhas trajetórias.
Somos mensageiros de querelas 
descabidas: ausências e querências.

domingo, junho 22, 2014

quarta-feira, junho 11, 2014

TARDIA, ARDIA


Ela sempre tarde
e me arde no frescor das madrugadas
e me consome no sono, no sonho, nas insônias,
nas pernas entrelaçadas nos lençóis, nos anzóis
em que me pesco e me perco nas águas doces,
sabores doces como amêndoas,
olhos amendoados, cabelos enegrecidos.

Negros eram meus cabelos da juventude,
jovem quando era, cabelos alongados,
amarrados em rabos enrabichados nas morenas
tardias para leitores incrédulos, crentes, cientes
de sua serena sereia que serpenteia nas águas
de março, abril, maio, e junho
que julho já chega e o ano quase se acaba.



sexta-feira, junho 06, 2014

OBJETOS 53


Objetos para recriar pessoas:
rótulas novas de titânio
recompondo joelhos desgastados;
pernas cibernéticas teleguiadas
dando pontapé inicial no gramado;
impressora a três dimensões
a replicar a orelha de Van Gogh.

terça-feira, junho 03, 2014

CURTA 232


Uma boca vermelha 
se aproxima ondulante
e, num gesto lúcido
me beija.
O sabor em minha boca
e a mancha de batom
em meu colarinho
testemunham
a cena do sonho
em super oito antigo.