terça-feira, dezembro 29, 2015

CURTA 258


Cuidava de flores no jardim, 

onde haviam pedras. 
Tinha uma pedra no meio do caminho do jardim 
e pedras rolam. 
E quebram nossos dedos, 
não quebram nossa alma, 
nem nossa vontade.

segunda-feira, dezembro 14, 2015

TRINTA, OU CINQUENTA?


Mirei uma mulher
pouco mais de trinta
todas formosuras no lugar.
Parecia desenhada por Ziraldo
sem exageros de traço ziraldino.
Ancas largas
cintura fina
seios na medida certa
rosto belo.
Pus-me a matutar:
eu, com mais de sessenta,
teria a oportunidade de deitar-me,
uma vez que fosse,
com mulher tão linda?
No entanto, (consolo?)
uma contra-matutagem ocorreu-me:
teria ela a sabedoria
de mulher mais de cinquenta
para que pudéssemos 
juntos amanhecer
uma segunda vez?



sábado, dezembro 12, 2015

CURTA 257


Um fandango não escreve sobre a morte
nem espera sentado por ela.
Ele sonha com a vida
critica e curte suas incertezas
para esquecer a certeza do fim!

QUER CRESCER?


Quer crescer?
Vai para a rua.
A rua traz rumores
traz odores e sabores
e algumas dores!
A rua ressuscita,
transborda em alegria
que não sai nos jornais.

sábado, dezembro 05, 2015

CURTA 256


Fotografar o mesmo lugar
construir diferentes analemas
descrever diferentes cantilenas
namorar diferentes madalenas.
Mover-se em diferentes passarelas.

CURTA 255


Rastros são incomuns.
Registros de passagens
de um cidadão comum
(ou incomum),
pegadas da singularidade.
Não as apague.


CURTA 254


Multidões não são permanentes
resistem à duração da feira
ou dos eventos singulares
e dissolvem-se como fumaça.
Fica o resistente andarilho
um na multidão inexistente.

QUALQUER


Um qualquer qualquer
(quem o quer?)
sem querer
vai querendo qualquer coisa
qualquer coisa boa
qualquer coisa à toa
qualquer coisa loa
qualquer coisa que voa, 
ou nem voa.

Um qualquer qualquer
nem quer
qualquer broa
qualquer coroa
sobre qualquer touca
nem voz em qualquer boca
nem beber qualquer uca
em qualquer vida louca.

Bem me quer
ou mal me quer?
Mas me quer!