sábado, março 24, 2018

RELEITURAS ROSEANAS 29

O vazio do sertão: com quê se preenche?
Em lagoa cheia de junco
Não dá para molhar o pé.
Naquelas noites claras de estrelas
Quando a cabeça quase esbarra nelas
De tanto sonho apaziguado
Nem quero que o céu clareie.
Essa escuridão me entorpece
Porque dentro de mim é luz
Com rastros de sombras, claro,
Desenhados nas paredes do pensamento.

Fruta boa é colhida no chão
Aos pés dos passos despassados.
Arteio nos portantos, subo no pé
Para deixar digitais na fruta
Lá da galha mais alta: apropriar-me.
Quem sabe bem-te-vi a respeite
E qualquer passante a saboreie?
Nos saberes e os cheiros
Corações preenchem o sertão.