terça-feira, junho 29, 2021

quarta-feira, maio 19, 2021

RELEITURAS ROSEANAS 43

 

Eu queria era uma saudade

Daquele sertão, daquela beira de rio

Porque o rio está sempre lá

Embora nunca seja a mesma água

Ele quer sempre é chegar

Nas larguras e profundezas.

 

Quero dormir de cara para a lua cheia:

Tudo é preto no meio do luar

Preto e invisível quero ficar.

 

Vida é um conceito que a gente cria

Rastreando e medindo o mundo

A olhos e a cheiros de manhãs.

Todo dia é véspera e acontece,

Acontece por já estar pronto,

Mesmo sem a gente saber

Do amanhã, em nossos sonhos.

 

Em sonhos procuramos destinos

Pedimos que não nos atrapalhe

Contamos nossos segredos de viver

Nossa realidade, sem astúcias,

Nossas esperanças e desconsolos.

Na vida aprendemos, sempre,

A fazer nossas grandes perguntas

Ao rio que, em sussurros, nos responde:

É na alegria que se realiza.

 

Na alegria eu me levanto

Sabendo tudo que eu quero

Uma coisa somente eu diria

Quero apenas ser sempre eu.

E como o rio vou seguindo

Procurando larguras e profundezas.

RELEITURA ROSEANA 42

 

Aquele sossego presente nos silêncios:

Rastros, deixados por falas humanas

Nas carregadas brisas das manhãs,

Perturbam corações inquietos.

Não é, necessariamente, o silêncio

O elemento mais perturbador,

É a desesperança que o acompanha.

 

Territórios precisam de esperança

Para além de suas esquisitices,

Para além de suas tristezas interligadas.

Recordar, é o que sobra

De nosso entendimento das trivialidades.

 

RELEITURA ROSEANA 41

“O correr da vida embrulha tudo”.

Coragem. É o que Deus quer da gente?

Ficar alegre no meio da tristeza?

E sentir a dor dos sentidores?

Ah, esta vida desgarrada

No meio do bravo sertão,

Onde vou escrevendo em cores,

Meu coração em estado de moleza

E sons amotinados na doce canção.

 

Enquanto isso a morte, sem sutileza,

Se esvai nas raras fumaças dançáveis.

Acima das fogueiras do sertão.

E as moças morenas, em passeata,

Com cabelos pretos rebrilhados

Por óleo de umbuzeiro

E flores enfeitando espíritos

Vão bordeando a mata

Molhando os pés em suas veredas

 

E a cachaça vai tomando gosto

A cachaça vai tomando cor

Nas dornas de umburana dos alambiques.

Será servida nos acompanhamentos

E pelo sertanejo conduzida

Como pagamento de sua passagem

Na fronteira de outra vida.