Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
sábado, janeiro 29, 2011
VALE A PENA VIVER N 13
Ruidos dos remos na lagoa
bate, puxa, levanta,
deita, empurra, bate.
Marolas navegáveis
movimentos de pernas e braços
respiração.
E o barco desliza sem constrangimentos
nem mágoas.
Dia de ontem um desejo satisfeito:
Ver e ter as mãos da mulher amada
pousadas ternamente na perna.
Pernas de homem.
Pelos aumentam com a idade?
Bando de garças
voo rasante
centímetros do espelho d'água
em direção ao barco.
Ameaçam o navegador?
Metros à frente dos olhos
que se arregalam
desviam a direção.
Asas da última garça alinhada
lado a lado com remador solitário.
Objeto barco
humano remador
animal garça
águas, pedras, árvores, sol,
lua minguante ainda no céu.
Todos os elementos dos desejos
somados à imagem da mulher:
desejos perseguidos.
Um dia a mais na vida
que a vale a pena ser vivida.
quinta-feira, janeiro 27, 2011
CURTA 27
Clara e cristalina como água de bica
aquela que eu bebia na infância.
Clara como um sonho feliz em noites bem dormidas
Clara como o sorriso nos olhos
olhando a contra-luz,
não do sol:
de abajures suaves , e de velas.
CURTA 26
Manter-se jovem
é cultivar desejos.
Desejo sol e lua
águas, pedras e mulheres:
todos elixires.
domingo, janeiro 23, 2011
sábado, janeiro 22, 2011
CURTA Nº 24
O medo é filho
de um deus da esperança.
Sem medo nada se realiza
sem medo não há limites
sem medo não se rompe limites.
CURTA Nº 23
Receita para esquecer paixões:
desapego dos objetos.
Olhar terno é objeto?
Sorriso doce é objeto?
Desejo é objeto?
Paixões podem até passar
reminiscências permanecem.
CURTA Nº 22
Frustações
são informações líquidas:
conduzem a conhecimentos fugazes.
Melhor esquecê-las.
quinta-feira, janeiro 20, 2011
CURTA Nº 21
Exposição de ex-votos
nas catedrais
é natureza morta.
Obra participativa
registro de interatividade
de humanos e seus deuses.
Exorcismo de dores.
CURTA Nº 20
Bazar moderno
reunião de afrontamentos
efêmeros estranhamentos.
A náusea sartreana
em banda larga.
(Homenagem a Clícia)
terça-feira, janeiro 18, 2011
CURTA nº 19
Vantagem das desmedidas do tempo:
não ter mais medo da dor.
A dor nos acompanha
quase como uma pele,
quase como uma pele,
talvez como um slip
colado às genitálias.
domingo, janeiro 16, 2011
CURTA Nº 18
Esquecer:
conjugação difícil.
Apagar:
verbo impossível.
Sonhar:
imperativo pessoal
primeira pessoa, singular.
terça-feira, janeiro 04, 2011
VALE A PENA VIVER N 12
Tristeza tem seus méritos:
alegres, pensamos naquilo que não somos,
acreditamos em verdades-meias
nas ilusões inacabadas
e mal tecidas das vivências irreais.
Alegres, às vezes, somos perturbados por maus pensamentos
como a crença de que a vida pode ser fácil,
a vitória virá com cânticos épicos.
Tristeza tem suas qualidades:
trazer, em retorno, a realidade,
com suas dores, seus odores e tambores
surdos no cerebelo,
e o medo, irmão mais velho da coragem.
Que tristeza e alegria se alternem, ao dia.
Que a tristeza traga segurança
de alegria que se recria
sem esgotar-se.
Vale a pena viver esta alternância
do triste que fica alegre
do surreal que se realiza.
segunda-feira, janeiro 03, 2011
CURTA Nº 17
Menino, confessava por obrigação.
- Seus pecados?
- Não os tenho.
- Deixa de ser besta, rapaz! Não tem olhares pecaminosos às meninas do colégio?
Deixei de ser besta.
Passei a ter olhares pecaminosos às meninas do colégio.
O que me valia cinco ave-marias e três pais-nossos.
E a cumplicidade das meninas do colégio.
(Após leitura de Mario Benedetti em "Gracias por el fuego")
CURTA Nº 16
Na trilha do Amor
símbolos de Vênus.
Tomei um
e ofereci-me a uma donna.
Meu primeiro sexo público
com uma desconhecida:
mas amei pensando n'Ella.
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