Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
domingo, abril 22, 2012
NOTAS DE LEITURA EM REVISTA DE BORDO 3
1. Os rituais tem semelhanças às formas de atuar em cenas de cinema e teatro. Os pajés e xamãs tem razão.
2. Desejo, arrependimento, esperança e amor continuam temas de canções, mesmo rock'n roll, desde que narradas com formas e vozes diferentes. Breguice sempre faz sucesso.
3. Sempre existem novas formas de trabalhar. Provavelmente também de ficar à toa.
4. A criatividade salta dentro de nós sem bater e desaparece da mesma forma. Se não anotamos a ideia, ela voa. Contra voos cegos da criação, caneta e bloco de notas.
5. Nas grandes cidades a hora do rush é a qualquer hora. Única solução possível: ficar em casa.
6. São Paulo é a décima cidade mais cara do mundo, mais que Paris e Londres. Isso a gente sente no bolso na descida do avião.
7. A "Teoria da Deriva" é uma técnica para andar sem rumo seguindo ideias aleatórias e de última hora, experimentar novas percepções, lugares e sensações. Meu esporte favorito foi teorizado.
8. Evolução é sempre revolução. Sem bula.
9. Ser radical tem seu alto preço! A questão é: pagar ou não pagar?
10. A cachaça Havana continua a melhor do Brasil (essa eu sei por sabedoria própria, construída em degustações homeopáticas frequentes).
11. Os bares da terra da cachaça não vendem as marcas famosas. Só as curraleiras da terra. A preços compatíveis.
12. Somos originais quando dialogamos. Calados repetimos o silêncio de todo mundo.
sábado, abril 21, 2012
CANETA E BLOCO DE NOTAS
De vez em quando
bate um jeito diferente
de sentir o vento:
final empolgante do jogo,
emoção da amizade compartilhada,
música que me lembra um tempo.
Inexplicável sensação.
Sai do estômago
(onde tudo começa)
passa pela garganta
(sons sempre soam)
e chega aos olhos
(escorre em líquidos quentes).
Isso não tem cura!
Tem redução temporária
com uso de ferramentas adequadas:
caneta e bloco de notas.
sábado, abril 14, 2012
CURTA 151
Meu universo numa caixa de sapatos,
aquela das botinas novas
compradas na Tenda do Umbu.
Depositei-a na algibeira de viajante
errante nas esquinas do verso.
Eu, no universo dentro da caixa,
sou aquele embrulho em papel jornal
cuidadosamente guardado no canto do pacote.
CURTA 150
Lágrimas são como rios:
enchem e vazam.
Provém da mesma fonte,
servem aos mesmos propósitos.
Repousam, não secam.
sexta-feira, abril 13, 2012
OBJETOS 38
Objetos para sexta-feira treze:
tocas de paredes entijoladas,
becos com saídas embandeiradas
para liberdade de esconderijos;
folhas de arruda e teias de aranha
para precavimentos e proteções.
sábado, abril 07, 2012
A LATA DO POETA
Sou daqueles que lê manual de instruções.
Isso ajuda às vezes,
principalmente para dar aquele tempo
para que afoitos pensem.
Para que serve o objeto?
E o amor-objeto,
Ele cabe na lata do poeta?
Amor-capacho só serve para que dancem em cima
com sandálias de salto alto?
Se espremermos as paixões elas ficam vermelhas
e cremosas como massa de tomate?
Mistérios também têm data de validade?
Untarei-me com o creme dessas emoções.
Quem sabe ganho uma lambida?
FILOSOFIA DE CARNAVAL
Existência
do mundo
é
fenômeno estético
ou
é a estética do mundo
um
fenômeno aleatório?
Sequência
de jogos de dados
duplo
seis algo muda
evoluindo
não se sabe para onde?
Existência
do mundo:
fenômeno
das probabilidades
sequenciamento
frutuoso do caos.
O
artista é um pessimista
puro
e romântico?
Otimistas,
por opção intelectual,
não
tem chances nas artes?
No
carnaval, visto-me de palhaço
e
aprendo melhor a rir
ou
fantasio-me de mulher
e
aprendo melhor a amar
ou
me transformo em calango
e
aprendo a melhor ver as entranhas
dos
muros de pedra.
O
encantamento dionisíaco das metamorfoses
para,
por momentos, apesar das realidades,
viver
um pouco além delas,
é
o encantamento do próprio carnaval.
Agora,
aprender com as metamorfoses,
é
assunto pessoal.
EM TEMPOS DE COPA
Mais velho
queria ser
Para dizer
aos netos que ainda virão:
Meninos eu
vi.
Eu vi Nilton
Santos,
O
Enciclopédia do Futebol,
Jogar na
esquerda lateral dos gramados da vida.
Infelizmente,
isso aconteceu apenas nos memoriais
Televisivos e
nos imaginários dos peladeiros oficiais
Como eu,
quarenta anos de pelada,
Canelando
naquela canhota faixa dos campos.
Claro, eu
ouvi o Nilton Santos jogar
No grande
rádio a válvula,
Construído
por meu pai
Em curso de
eletrônica por correspondência,
E postado no
canto nobre da sala de visita
Da casa de
minha infância
Na entrada
da Mata do Jambreiro.
Tentava
fazer no campo de várzea
A quinhentos
metros de casa
Nas peladas
depois das quatro da tarde
As geniais
jogadas do mestre.
Triste
ilusão: meus chutes de trivela
Só
aconteceram em meu coração
E ainda
carrego como sina de torcedor
A estrela
solitária do Botafogo:
Tornei-me,
precocemente, sofredor.
CAÇADOR DE ESMERALDAS
Se há um caminho
outros já
passaram.
Não procuro caminhos:
quero é desbravar.
Prefiro ser caçador
de esmeraldas
a seguir passos.
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