segunda-feira, dezembro 24, 2012

NOVO ANO



Para o ano novo, desejo:
- que o tempo não se meta
na vida dos amantes.
Nem dos velhos.

- que o sofrimento não atemorize corpos.
A morte chegue suave
aos doentes terminais
ao som dos Beatles no serrote uakti.

- que a luz dos olhos de minha morena
brilhe como faróis em tempestades
e enxergue bem longe.
Guiando. Como sempre.

- que ninguém perceba o negro pela cor,
mas.
Pela beleza intrínseca. 
Pela inteligência tão normal
de qualquer cor.

- que a indignação não desapareça
dos semblantes éticos.
São poucos.
Precisam crescer como pragas boas.

- que a vida, 
e a alegria de viver,
sempre renasça no sorriso das helenas,
tão pequenas, serenas.

- que a minha poesia sobreviva
a minhas botas e a minhas luvas
(creio ser melhor poeta que boxeador)
e meu bom humor permaneça
além das memórias. 

CURTA 192


Em meus muros de pedra entram
calangos e jararacas:
repteis de frestas.
Inimigos por tais, mortais.


sexta-feira, dezembro 21, 2012

CURTA 191


O mundo acabou? 
Sim ou não
hora da revisão:
nova edição
revisitada e corrigida.

CURTA 190


Negar é jogo de palavras,
trocadilho do sim.
Então sim.
Sim, sim, sim.

CURTA 189


O silêncio é sim.
Si(m)lêncio
sem lenço
nem documento.

QUINTAL


Meu quintal tem
árvores, flores e pássaros -
sabiá, beija-flor e rolinhas;
saíras e cambaxirras. -
Saracuras da vizinhança
cantoras do alvorecer.

Meu quintal tem
animais outros diversos - 
calangos coleiras e jararacas,
morcegos residentes no telhado -
eu mesmo sou meio bicho:
sem escamas nem penas,
meio bicho apenas.



terça-feira, dezembro 04, 2012

CURTA 188


Terra no caminho do Sol
envia a noite a solfejar em meus ouvidos.
Dormirei até o cantar das saracuras,
de manhãzinha,
na beira do riacho.