quarta-feira, dezembro 14, 2016

TEXTO E CONTEXTO



Atrás do texto tem o contexto
Antes do braço fica o antebraço
Após o gosto vem o desgosto
            (ou antes?)
Acima do peso tem sobrepeso
Abaixo do solo há o subsolo.
É na terra que se desenterra
A desnaturada natureza.
Em sua boca desemboca
O desjejum do desamor
Embora despeito se desiste em meu peito
Apenas carrego a desfaçatez
De fazer o descarrego
De minhas desventuras
E viver minhas alegrias
Com maestria desregrada
Já que regras mudam
Com a despolitização dos saberes.


quinta-feira, setembro 22, 2016

CURTA 275


Quando morrer
não quero céu nem inferno:
quero ir para a montanha
(religião não tenho). 
Olhar o horizonte do alto da serra.

domingo, setembro 11, 2016

CURTA 274


Não me adapto ao leito de Procusto
nem por isso quero ter as pernas cortadas.
Grande sou, grande permaneço.
Maior que eu físico sou eu pensador!

sexta-feira, setembro 09, 2016

CURTA 273


Ninguém se surpreende com as bicicletas
duzentos anos depois.
Quem explica, corretamente, 
como se equilibra
sobre duas rodas, em movimento,
e se desequilibra quando parada?



domingo, agosto 14, 2016

CURTA 272


Dádiva de envelhecer
É perder a noção do tempo.
Perde-se a medida do tempo
Ganha-se o tempo:
Inteiro.


CURTA 271


Movimento dos astros

Anda muito previsível.

Necessário sacudir as estrelas

Desorganizar a astrologia

Chacoalhar nosso futuro.


terça-feira, junho 28, 2016

NOVE


Nove trajetórias
oriundas do mesmo porto
nove histórias
nove encontros
muito riso
muito siso
nenhuma cizânia.

Mandioca na manteiga
carne de sol
frango com guariroba
farinha de pau
canarinhos
e louras suadas
e roncos em colchões de ar.

Nove resgates
na mesma nau
singrando mares
rumo ao porto
belo nem sempre
mas rumo certo.
Nove capitães.


terça-feira, maio 24, 2016

CURTA 269


Nuvens, observo-as todos os dias.
Sei quando a chuva vem
Conheço o destino dos ventos
Brinco com mudanças de temperaturas.
Porém, não posso fazer chover
sem os rituais de dança.


segunda-feira, maio 23, 2016

CURTA 268


O livro é um óleo essencial:
hidrata as mentes leitoras
acelera, ou acalma, corações inquietos
renova esperanças iluminadoras
altera comportamentos indiscretos
deixa rastros e odores nos olhares.


domingo, maio 01, 2016

CURTA 267


Existe sempre um rio 
em meu caminho. 
Largo ou estreito ,
fundo ou raso,
é o rio que tenho que seguir.
Às vezes é o rio que preciso atravessar. 
E lá vou eu, 
no curso das águas.

sábado, abril 23, 2016

CURTA 266


Meu nome é Vento.
Faço força para arrancar árvores,
consigo cobrir o chão de folhas.
A música que toco, no entanto,
encanta orelhas amantes do silêncio.
Prêmio pelo esforço
ou consolo ao fracasso?


domingo, abril 17, 2016

CURTA 265


Acordo. Ando.
Tropeço algumas vezes,
bato com os cotovelos.
Desajeitado
quebrei o dedo mindinho,
ficou tortinho.
Continuo sorrindo.
Meu sorriso, minha riqueza. 

segunda-feira, março 21, 2016

CURTA 264


A chuva deixou um lamaçal
na estrada de terra
que conduz
(conduz ou reduz?)
a minha vida real.
Surreal!

CURTA 263


A lua e a rua estão cheias:
a lua de deslumbres,
a rua de deslumbrados
e alguns foliões atrasados,
desalegres, apressados
para voltar à vida.
Normal?
Quem dera fosse virtual!

quinta-feira, março 17, 2016

SOBRE LIBERDADE


Ser livre é um sentimento,
apenas um sentimento.
Liberdade, mesmo? Não existe.
Ser livre é não ter medo.
Alguns dias amanheço com medo
sei lá de quê, apenas medo.
Nesses dias perco a liberdade.
Em dias que o medo some, sou livre.
Pássaros são livres quando voam.
Quero, portanto, ser pássaro
e me jogar ao vento. 
Ventos não são livres,
tem medo de montanhas.
Eu sou livre em montanhas.
Sou livre ao metamorfosear palavras,
sou livre ao mudar o tom de voz
e quando solto a escuridão da alma
criando luz à minha passagem.

quarta-feira, março 09, 2016

CURTA 262


O vento, soprano, na janela.
Ela, contralto, toda bela
no alto de seu salto.
Eu, baixo, grave voz
minha voz gravo
fingindo ser tenor
para encantar o vento, e ela.


domingo, fevereiro 28, 2016

ARRITMIA


Minha alma vagueia nos imprevistos
meu sorriso solo se desabilita a abrir
meu corpo se cansa de correr em caminhos
minha mente se estabiliza em acordes
meu coração pulsa em arritmias.
Tenho vontades só para dormir e quietar
folgar o lápis para não escrever em desalinho.

quarta-feira, fevereiro 17, 2016

CURTA 261


Coração disparado
ecodoppler diz não é nada
cintilografia qualquer coisa a toa
não estarei apenas apaixonado? 
Não, é taquicardia.
Apenas uma arritmia.




quinta-feira, janeiro 28, 2016

quinta-feira, janeiro 14, 2016

CURTA 259


Começo o ano
com mão quebrada 
e falta de afeto.
Começo o ano
com pouca ação
e muito projeto.
Mesmo assim
o ano começa
com pouco de mim.