Seu arroz era de matar
mas ela era pura magia.
Eu a ensinei a cozinhar
ela me ensinou bruxaria.
Troca justa.
Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
quarta-feira, dezembro 04, 2019
quarta-feira, setembro 18, 2019
RELEITURAS ROSEANAS 34
Lá, no meio da travessia,
O real tira sombras de buracos
Assobia copiando pássaros
Assunta nos buritizais
Traz mais dúvidas que certezas.
Lá, no meio da travessia,
A vida não deixa benfeitorias
A morte se achega desmedida
Despedidas acalentam febres
Coisas acontecidas deixam rastros.
Lá, no meio da travessia,
Onde viver é um descuido
Apego-me a meu cajado
Desfaço-me das tristezas
Aguento firme o existir.
“Na vida, tudo cabe”.
segunda-feira, agosto 12, 2019
quarta-feira, agosto 07, 2019
segunda-feira, julho 22, 2019
RELEITURAS ROSEANAS 33
O sertão: esses seus vazios
Carregam segredos das pedras
E o indizível silêncio de dentro
Do oco do vão dos buracos.
O sertão: pássaros calculam
O completo giro da lua
E um punhado quente de vento
Sopra entre duas palmeiras.
O sertão: à noite vem
E o céu embola seus brilhos
Trazendo saudades de ideias
Levando saudades de coração.
O sertão: perto de suas águas
Até eu me sinto feliz
E o barulho de pés em gotas
Me faz entrar no rastro dela.
O sertão: tem lua recolhida
Grande dentro de mim
Tem conversa continuada
Noite em mim, adentro.
quarta-feira, julho 17, 2019
RELEITURAS ROSEANAS 32
O sertão me
espera
Com um céu
azul e branco
E um caboclo
nas nuvens
Apontando-me
o caminho.
O sertão me
encontra
De cerrados
abertos
Com presépio
eterno
E carrancas
domadas.
O sertão se
encaixa em mim
Como peça de
montar,
Como chamego
de mulher
E sorriso de
menina.
O sertão se
move em mim
Como vento
que chega manso
No aconchego
da noite
Movendo lua
e estrelas.
O sertão
permanece em mim
Como prótese
no osso
Artrose de
muitas juntas,
Chama queimando
meu umbigo.
O sertão já
está em mim.
segunda-feira, junho 24, 2019
RELEITURAS ROSEANAS 31
O rio tão a brabas vai
Mas o rio é paz das águas
Aquela paz que volta e meia
Uma lua volteia e dela sai
E salteia na fase cheia.
Tempo bom de curar mágoas.
segunda-feira, junho 17, 2019
(IN) SEGURANÇA
Para sua (in) segurança
Você está sendo:
Filmado
Fotografado
Grampeado
Pintado
Grafitado em muro
Observado
Avaliado
Conferido
Vigiado dia e noite.
Descuide-se à vontade.
terça-feira, junho 04, 2019
7 – POEIRA CÓSMICA
Sou poeira de estrela
Trazida pela tempestade
No ventre, à luz de vela
Em canto escuro da cidade.
Sou do tempo de andar de trem
De capital à beira mar
Muito bom lá pensar
Novas ideias trazidas do além.
É no vagaroso do rio,
De água antes aprazível,
Que sinto a dor correr fio
De sua veia, visível.
A dor maior é da ideia
Que corre o corpo, sem dor,
Mas sangra na cheia
Do rio, hoje sem pescador.
O trem virando a curva
Leva também um tanto de amor
Que se dilui na água da chuva
Espalhando-se no sopro de calor.
terça-feira, maio 28, 2019
6 – FILHO DA TEMPESTADE
Sou filho da tempestade
Gerado em noite de chuva
Com raios e trovões
Encaminhando ao lugar certo
Aquela pequena uva.
Nasci em dia quente
Pleno de sol ao meio dia
Mas a tempestade logo veio
Com raios e trovões
Preenchendo-me a alma vazia.
Sou filho da tempestade:
Vou-me embora para o sertão
Viajarei para Vila Sagarana.
Lá sou amigo da rainha
Dormirei ao relento, no chão
Olhando estrelas no céu
Ao lado de uma morena.
Colecionarei sopros de poeira
Estarei mais próximo de mim
Seguindo passos de Diadorim.
Afinal, sou filho da tempestade
De quem herdei minha majestade.
quarta-feira, maio 15, 2019
4 ALELUIA, MATEUS
No canto divino me soltei
Na voz do sagrado me enlevei
À meia luz me alegrei.
Apenas mais um na plateia
Sob aquele fio que me alumia
Junto à mulher que sorria.
Duas mulheres se beijavam
Tudo é amor, todos pensavam
Ao mesmo tempo: se conectavam
Com o cantor, Aleluia!
segunda-feira, maio 13, 2019
CURTA 284
Em noite de mudança de lua
viro bicho que na terra pousa
orbitando como mariposa
na pálida luz da rua.
5 MUDANÇA DE LUA
Fiz um mapa mental
para me rever como ser
sobrevivente do tempo das minas
naquele morro velho
do ouro lavado por escravos
negros africanos mineradores
co-autores do quatorze bis
e da demoiselle de Paris.
E eles disso nunca souberam.
Fiz uma viagem ao interior
ver a mudança da lua
naquela noite na rua
onde encontrei a mulher primeira;
Ela me sorriu toda nua
e disse: - se quiser, sou tua.
Basta guardar um pouco de amor
e me presentear com uma flor.
quarta-feira, maio 08, 2019
3 PIMENTA
Pimenta dedinho de moça
Arde gostosamente em minha boca.
Gosto desse sabor
Lembrando que nem tudo é doce,
Ou azedo,
Ou ácido.
Limões curam azia
Pimentas escorrem meu nariz,
Boas para sinusite:
Aquele catarro que também escorre durante o gozo.
Pimenta e orgasmo provocam efeitos parecidos.
Mas não quero falar de ardências
Nem de sofrências.
Quero acordar minhas dormências
Manter toda minha coerência
Usar de minha eloquência
Caminhar com toda a prudência
Tirar minha vida da falência
Para simplesmente viver. Na opulência
Que meu destino solicita.
E meu destino solicita,
“Vai ser feliz na vida, Sr. Ventura.
Sim, viver é uma aventura
Mas depois de comer fruta madura
Bem dentro de mim precipita
Aquela minha dose de loucura
Me propondo sem amargura:
Guarda no bolso esta pepita
Seja ouro ou ametista.
Ela armazena da mulher a doçura
E me faz sonhar com toda gostosura
Apesar de minha vida de alpinista.
terça-feira, maio 07, 2019
2 DIA DE ALEGRIA
Meu amigo GM
veio me visitar:
Falamos de
livros, de livros, de livros
Enquanto a
vizinha secava cabelos
Com seu
aparelho ruidoso
E falava e
falava e falava
Como falam
as cabeleireiras.
Hoje foi dia
de alegria
Alegria sem
justificativa
Alegria como
alternativa
De viver um
pouco a magia
Dos tempos
de rebeldia.
Precisamos
de novo da resistência
Aos bizarros
poderes podres
Que pensávamos
soterrados
Naqueles tempos
passados.
Precisamos
falar de livros
Contar histórias
a nossos netos.
Que eles
cresçam livres
Da renascida
violência
Da revivida
intolerância
Aos de opinião
libertina.
segunda-feira, maio 06, 2019
1 ENCRUZILHADA
Na
encruzilhada da vida ajoelho e rezo:
Iansã, venha
me valer.
Dai-me
força, fôlego e fogo
Para me
curar e crescer,
Curar-me de
mim mesmo.
Dai-me força
Para
livrar-me de meus monstros:
Eles me
assustam.
Dai-me
fôlego
Para correr
atrás dos sonhos.
Dai-me fogo
Para
cicatrizar minhas feridas
E curar-me
dos estragos
Provocados
por minhas fragilidades.
Hoje fui
para a cozinha:
Assei peixe
e batatas com pimentões
Para três de
minhas dezenas de filhos
Espalhados
pela vida nesse mundão de Ogum:
(Gostaria de
todos perto).
Bebi pequena
dose de uca
Só para
matar a saudade do pai
E lembrar de
nossas viagens
Em noites
insones no seu leito derradeiro.
Saravá, meu
pai!
Penso que
decisão tomaria nesta esquina,
Que rota
sugeriria nesta vida ladina.
Mas a cura é
minha.
Deixe que eu
siga,
Dou conta de
mim.quarta-feira, abril 10, 2019
segunda-feira, abril 01, 2019
CURTA 282
Importante ter paixão
pelo deserto!
Quando a gente começa
a ver tudo igual
só a paixão pelo deserto
nos faz acreditar
que tudo pode ser diferente!
sexta-feira, março 22, 2019
CURTA 281
Trajetórias
de trilhões
De nano e micropartículas
Se alteraram
em microssegundos
Repentinamente:
ELLA
sorriu-me arrebatadoramente.
E o mundo se
desorganizou
Em novos
caminhos.
É o caos
instalado.
quinta-feira, março 07, 2019
sexta-feira, fevereiro 15, 2019
CURTA 279
Essa Poesia instável
às vezes me foge
às vezes me atropela
sempre me rodeia.
Volátil como o prazer!
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