segunda-feira, janeiro 29, 2007

Sobre as metáforas

Objetivo das metáforas
é assustar pessoas:
dizendo que pode acontecer
algo muito pior
que aquilo que pode acontecer
ou acontecerá
de fato!

Azar dos poetas!

nem poeta nem gênio

Mostrei poemas
a um artista plástico amigo meu
radicado em Tiradentes
anos 90:
- Publique-os
e serás um poeta conhecido.
Reescreva-os
e serás um poeta genial.
Nem coisa nem outra
nem leitores
nem afagos da academia.
Continuo escrevendo como um besta
seguindo velhos institntos:
lufada de inspiração
caderno abre sozinho
tinta de caneta se derrama em letras.

Primeira Lembrança


Primeira lembrança
de minha existência:
correndo de avião,
na frente do avião.
Dois anos e meio
família passeava no aeroporto
cidade de interior norte de Minas
quando se podia passear pelas pistas
pequeno avião resolve pousar
na pista de passeio da família:
correria.
Lá vem o avião para cima de nós.

Comecei a viver
(tempo da memória instalada,
eu lembrando de mim mesmo)
querendo jogar pedra no avião.
Pedras e aviões se eternizam
no universo material de minhas imaginações.




segunda-feira, janeiro 22, 2007

Verdades

Verdades cheiram
A flores em queda no outono
Perdem-se no chão
Varridas para canteiros de jardins
Viram adubos
Apodrecem
São esquecidas.
Renascem em flores na primavera
Outras cores
Outros odores
Florescem versões
Releituras de fatos acontecidos
Na estação anterior
Re-passados a limpo
Re-contados
Novas verdades
Nascidas nas sombras
Das mesmas árvores
Novas folhas
Pequenas luzes em nossas memórias
Estórias
Novos enredos
Roteiros de uma peça antiga
Cantada nos palcos
Verdades se renovam
Necessário vivê-las e revivê-las
Dramatizá-las
E cobrir lacunas
De nossa existência.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Na terra do João




Na terra do João Guimarães
rosas inspiram
transpiram
suspiram
entre causos
e brotam
entre os seios
das moças.




Valências



Nem todas as carências
nem todas as ardências
nem tanto quais prudências
servir na mesa do café das aparências.

Mas... as urgências
sobrepujam minhas proeminências
rastejam entre minhas vivências
sacodem minhas premências
soletram minhas redundâncias.

Para onde envio, sem ganâncias,
minhas rudes malevolências?