sábado, outubro 06, 2007

IMPONDERABILIDADES DE UM VERBO SÓ



Visto um terno
dou nó na gravata de seda
desço para a cozinha
faço arroz com feijão
como pão com manteiga e mortadela.
Miro a foto da morena
da serra morena
(será minha) e digo:
- eu dou nó na gravata
e como pão -
Simples assim
concreto assim
palpável assim.

Eu como pão com manteiga e mortadela
e arroz com feijão.
Depois faço do tirar a veste
um ritual pornofônico:
grito quando gozo.

Meus noventa quilos
pesam-me mais que o normal
não consigo emagrecer:
arroz com feijão,
pão com manteiga e mortadela
(de vez em quando acrescento
queijos, vinhos e picanhas na chapa)
o impedem.

Tento fazer poesia
escrevo imponderabilidades
de um verbo só.

Um comentário:

Surpresa Agradável disse...

(IM)PONDERAR

Ñão avaliar, não estudar, não pesar as possibilidades é não oportunizar a vida a surpreender-nos.
É desvestir-se de cerimônias e viver o trivial
o dia-a-dia
cotidianamente
ainda que reinventado
alimentado de pequenas gentilezas
sorrisos
piscadelas
café
suco
cheiro no cangote
assim homogêneo
elementar
natural
sem malícia e,
mero
E, do fazer-se
material
daquilo que se pode tocar
religiosamente
me delicio
ainda que não seja
um mister
faço desse momento
forma de registrar
meu desejo
a exalar
conjugado
nessa linguagem.