sábado, abril 26, 2008

CASA DE PENHORES


Levei meu coração numa casa de penhores

(precisava de uns trocados, que novidade!)

- tá meio fraquinho, não?

- bate regularmente, sem atraso, setenta batimentos por minuto.

- e esse colesterol aqui?

- só um pouquinho, ando sem tempo para malhar.

- uma corridinha faria bem.

- ele bate forte diante de mulheres bonitas.

- ainda por cima, um coração mulherengo!

- coração apaixonado não serve não?

- não, leve de volta esse trambolho,

não tem valor para nós, ta muito usado.

- só foi pisado duas vezes.

- e essa marca aqui?

- é que a última usava salto alto tipo agulha.

- melhor deixa-lo no fundo do armário.

- e o fígado? Penhora o meu fígado? Olha, eu nem bebo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Pago por ele...
sincronismos....
motivos
os mais variados
pra que ele continue
e continue
e continue
batendo...
batendo...
um pouco mais acelerado...
mas, batendo...

Clarice Gouveia disse...

Oi Paulo, vim visitar seu blog. Achei ele muito interessante. Li “casa de penhores” e fiquei pensando: tudo que está em nós faz sentido apenas para nós mesmos, pois somente nós sabemos de nossa história e do significado que demos a ela. As histórias de nossos corações, fígados, estômagos, olhos, ouvidos, mãos, pés, etc. trazem consigo perdas e ganhos, num círculo de constante renovação, e nos mostram o quanto fizemos em nossas vidas para perfuma-la. Um abração!

Anônimo disse...

Olá Clarice, obrigado pela visita. Não leve tão a sério. As palavras escritas nem sempre foram vividas. Pode ser que seja uma brincadeira, mas cada um que lê cria um siginificado próprio, talvez rememorando coisas que tenha vivido direta ou indiretamente.
Posso penhorar meu coração na sua loja de penhores? Guarde-o por três dias no fundo da gaveta de seu armário. Sem naftalina porque sou alérgico a elas.
Um beijo

Anônimo disse...

Paulo,
Sabe o que me faz gostar de certas poesias? É acreditar que o poeta já viveu aquelas palavras, de alegria ou de dor, pelas quais eu também vivo ou já vivi. Assim pensando, considero-o como meu "companheiro de copo", entende? Vê se deixa eu continuar pensando assim, tá bom? Grande abraço.