quinta-feira, dezembro 08, 2011

VOLTEI A SER BEATNIK


Coisas bonitas dormem
enquanto o feio de dentro
tem olhos arregalados para o mundo.
Tanto prazer pelo obscuro?
Precisamos de ideias claras
para viver nosso tempo
nos lugares de sempre.
Trapezistas de singularidades
povoam planetas secundários.


Nem todo poeta escreve:
alguns engraxam sapatos
numa esquina de sorridentes.
Nem todo músico canta:
vários contorcem silêncios
em praças de vagabundos.
Nem todo bailarino dança:
muitos se fingem estátuas
em museus de esquecimentos.


Prisão de paredes em espelhos
esconde imagens de solidão
de andarilhos de planícies
com seus cheiros de flores do campo.
Por um momento
voltei a ser beatnik
que não carrega cartazes
nem faz pose para fotos.
Quero apenas sonhar a cores
quando o silêncio assusta
e os ruídos nos ensurdecem.

2 comentários:

Caracolina disse...

que poesia linda, eu chorei. a minha música favorita é Rodrix, Sá, e Guarabira - Jesus numa Moto, que fala exatamente sobre a necessidade de ser alguma coisa, quando tudo ao seu redor te diz "seja, porque é exigido de você ser essa pessoa". Depois de ouvir, eu sempre penso: 'no dia que eu não precisar mais ser a pessoa que me pedem que eu seja (simplesmente porque é bom), eu vou poder ser realmente quem sou. eu enxerguei muito disso na poesia, era exatamente o que eu precisava ler hoje. obrigada.

Anônimo disse...

Lu, é tão bom quando o que a gente escreve quer dizer algo a alguem. É o mínimo que uma poesia pode fazer, tocar a alma das pessoas.
Um abraço.