terça-feira, julho 28, 2020

RELEITURA ROSEANA 36

Posso prosear de ruim,
para mais de mim me valer:
são minhas escasseadas maluquices.
Sou apenas mais um maluco-beleza.
Meus feios passados se exalaram
Não foram mais que más-artes
Daqueles tempos de aprumação.
Hoje, se for para ter ódio,
Que seja ódio sossegado.
Não padeço nem de tristeza
Nem de desassossego de peão.

“Sertão: onde pensamento da gente
É mais forte que o poder do lugar”.
Nessas belezas sem mágoa
Pássaros calculam giro da lua.
Quando sonho, não mais sonho com mar.
Sonho comigo nesta rua.
Por esses longes eu caminhei
Com gente querida a meu lado
A gente se conhecendo bem
Se aprendendo com cuidado.

No suceder de toda duvidação
Verso em redondos e quadrados
Perto d’água eu sou mais feliz
Vivo meus sonhos em dobrado.
Eu e minha lua recolhida
Escutamos pássaros noturnos
Até que o dia me acolha, soturno,
E o sertão me dê guarida.