quarta-feira, agosto 09, 2006

Bocas queimadas

Quantas rupturas preparamos?
Quantos desastres previmos no ano anterior?
Um sem-número de separações litigiosas?
Arrancar a boca que eu beijei e jogá-la aos leões?
Eu moldei essa boca em barro,
queimei no forno e pintei.
Quero, na verdade, guardá-la mais um pouco.
Semana próxima eu a partirei em mil pedaços.
Contente?

Chuvas de metano


Chuva de metano em Titã
Lua de Saturno.
Quando Saturno passar por Peixes
deixará suas chuvas tóxicas
em meu universo de pedras
e jardim de cactos?

Que fronteiras entre ciência e ficção?
Arte precipita-me
com leituras tecnológicas, claro!
Meu desejo é expandir fronteiras
experimentar novas maneiras
mudar cenários com inspiração
escrever minhas letras com transpiração.

terça-feira, agosto 08, 2006

Minhas conjunções



Pontos e vírgulas, reticências...
Reminicências de uma oração sem sujeito
nem sujeito oculto.
Sombras de uma letra bordada
no coração do poeta
com agulha de crochê.
Aquele verbo mal dito
em hora imprópria
calou minhas orações subordinadas.
Restam-me conjunções.
Não sei o que faço com elas:
se as como com sal e pimenta
se amo-as desenfreadamente.


sexta-feira, agosto 04, 2006

Renascer tuas vírgulas


Irei catar teus cacos
reescrever teus rótulos
beber teu coquetel de asteriscos
sem diminuir teus arte-riscos
nem tua dose de verdade
remonto tua pele
e desenho nela
o nome de teu amado
com letra de bordado
cheio de pudores
pleno de pretextos
para renascer tuas vírgulas.


Olhos de águia



Vênus me oferece olhos de águia
para enxergar longe
ver se o caminho está livre.

Eu só quero ver o pôr do sol
E aquela boca em cerâmica
modelada por mim
Ontem depois do jantar.

Mambembes planos



Mambembes planos
de mudar de vida:
derreto-me no cenário.
Papo despretencioso na ribalta
escondem raras oportunidades .
Tento pescá-las
aperfeceiçoar compromissos
raros e espalhados.
Ainda quero amar mil mulheres.


Séculos vazios


O cair das máscaras embaralha
identidades e predestinações.
Em pleno século vinte e um
tiramos caixas dentro de caixas
na última caixa não tem um anel,
ela está vazia.
Século dos vazios?
Silêncio de conteúdos?
Aquela música sertaneja (sic)
no último ponto do dial de volume
de meu anônimo vizinho
obriga-me a tapar as orelhas.
Os loucos estão cada vez mais próximos
estranhamente próximos.
O mundo transborda destes bardos
desrespeitosos e maléficos.
Precisamos de novos destinos.