Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
quinta-feira, março 26, 2009
Captura fotográfica
O momento que se captura
no centésimo de segundo
de abertura do obturador
representa quanto tempo de fato
em minha vida?
Mas a máquina fotográfica
o registra digitalmente
como se fosse mágica
no momento da parada
e rouba minha alma
envelopa minha memória
naquele tempo que não vejo.
Não observo a mim mesmo.
Só me vejo em registros de outros.
Vejo-me aos pedaços,
a imagem apenas sugere
nunca mostra aparências
nem vivências acumuladas.
Quebra-cabeças
O quebra-cabeças da casa
se incorpora em suas paredes,
frestas e luzes.
Descobri-las implica em sobrepor
imagens sobre imagens,
sobre outras imagens,
espelhos
vidraças
janelas.
O quebra-cabeças da casa
não está na casa
está na cabeça
de quem nela habita
ou frequentemente visita.
sábado, março 21, 2009
JUST A MAN
Sou apenas um homem
Membro de uma raça antiga
mas nem tanto.
Apesar das catástrofes
A raça humana se espalha pelo mundo
Ocupa todos os espaços:
Procuro uma região tropical
Ainda não visitada pelo homem
Nem vista por satélite.
Existe? Creio que não.
sexta-feira, março 13, 2009
Medida de valores
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
Espectador e espectáculo
Sou um espectador,
quero o espectáculo
quero a obra de arte
não a realidade empírica da vida.
Essa, eu a vivo cotidianamente
mesmo sabendo que ela nos engana.
O espectáculo, quero transforma-lo em realidade.
De qualquer modo,
a vida é um fenômeno
(espectáculo) puramente estético
onde espectador e actor se mesclam
na contemplação e no saboreamento
dos prazeres clássicos quase imortais
desde Homero e Sófocles.
FILOSOFIA DE CARNAVAL
Existência do mundo
é fenômeno estético
ou é a estética do mundo
um fenômeno aleatório?
Sequência de jogos de dados
duplo seis transforma natureza
evoluindo não se sabe para onde?
Ou existência do mundo,
fenômeno das probabilidades
sequenciamento frutuoso do caos?
O artista é um pessimista
puro e romântico?
Otimistas, por opção intelectual,
não tem chances nas artes?
No carnaval, visto-me de palhaço
e aprendo melhor a rir
ou fantasio-me de mulher
e aprendo melhor a amar
ou me transformo em calango
e aprendo a melhor ver as entranhas
dos muros de pedra.
O encantamento dionisíaco das metamorfoses
por momentos, apesar das realidades,
permitindo viver um pouco além delas,
é o encantamento singular do carnaval.
Agora, aprender com as metamorfoses,
é assunto pessoal.