sexta-feira, abril 13, 2012

OBJETOS 38



Objetos para sexta-feira treze:
tocas de paredes entijoladas,
becos com saídas embandeiradas
para liberdade de esconderijos;
folhas de arruda e teias de aranha
para precavimentos e proteções.

sábado, abril 07, 2012

A LATA DO POETA



Sou daqueles que lê manual de instruções.
Isso ajuda às vezes,
principalmente para dar aquele tempo
para que afoitos pensem.
Para que serve o objeto?
E o amor-objeto,
Ele cabe na lata do poeta?
Amor-capacho só serve para que dancem em cima
com sandálias de salto alto?
Se espremermos as paixões elas ficam vermelhas
e cremosas como massa de tomate?
Mistérios também têm data de validade?
Untarei-me com o creme dessas emoções. 
Quem sabe ganho uma lambida?

FILOSOFIA DE CARNAVAL



Existência do mundo
é fenômeno estético
ou é a estética do mundo
um fenômeno aleatório?
Sequência de jogos de dados
duplo seis algo muda
evoluindo não se sabe para onde?
Existência do mundo:
fenômeno das probabilidades
sequenciamento frutuoso do caos.
O artista é um pessimista
puro e romântico?
Otimistas, por opção intelectual,
não tem chances nas artes?

No carnaval, visto-me de palhaço
e aprendo melhor a rir
ou fantasio-me de mulher
e aprendo melhor a amar
ou me transformo em calango
e aprendo a melhor ver as entranhas
dos muros de pedra.
O encantamento dionisíaco das metamorfoses
para, por momentos, apesar das realidades,
viver um pouco além delas,
é o encantamento do próprio carnaval.
Agora, aprender com as metamorfoses,
é assunto pessoal.

EM TEMPOS DE COPA



Mais velho queria ser
Para dizer aos netos que ainda virão:
Meninos eu vi.
Eu vi Nilton Santos,
O Enciclopédia do Futebol,
Jogar na esquerda lateral dos gramados da vida.
Infelizmente, isso aconteceu apenas nos memoriais
Televisivos e nos imaginários dos peladeiros oficiais
Como eu, quarenta anos de pelada,
Canelando naquela canhota faixa dos campos.

Claro, eu ouvi o Nilton Santos jogar
No grande rádio a válvula,
Construído por meu pai
Em curso de eletrônica por correspondência,
E postado no canto nobre da sala de visita
Da casa de minha infância
Na entrada da Mata do Jambreiro.
Tentava fazer no campo de várzea
A quinhentos metros de casa
Nas peladas depois das quatro da tarde
As geniais jogadas do mestre.
Triste ilusão: meus chutes de trivela
Só aconteceram em meu coração
E ainda carrego como sina de torcedor
A estrela solitária do Botafogo:
Tornei-me, precocemente, sofredor.



CAÇADOR DE ESMERALDAS



Se há um caminho
outros já passaram.
Não procuro caminhos:
quero é desbravar.
Prefiro ser caçador de esmeraldas
a seguir passos.

quarta-feira, março 28, 2012

CURTA 149


Mostro meu lado de fora
para ser visto de dentro:
não me desnudo para olhos.
Minha pele só é visível
pela janela do meu umbigo.

terça-feira, março 20, 2012

NOTAS DE LEITURA EM REVISTA DE BORDO 2



I
Any impossible things aren't impossible. As manequins continuam magras e feias: publicidade invertida? Ou o mundo fashion deixou de sê-lo?

II
"Dancing Days" influenciou uma geração hoje não mais tão jovem. (Serão melhores que nós, os não influenciados por "Dancing days"?)

III
50 anos sem Marilyn Monroe: eu a conheci, ainda viva e nua, em oficinas e borracharias. Mais tarde, menos viva, nos cinemas. (Let's Make Love, Adorável Pecadora.)

IV
Nelson Rodrigues, centenário, continua atual: amor, traição, ódio e outras mazelas sempre presentes no coração humano (tecnobregas paraenses são a versão musicada).

V
Madonna, com disco e amantes novos, no cinema, atrás das câmaras, brinca de diretora?



VI
A Hora e a Vez de Augusto Matraga em nova versão no cinema. A versão anterior, com Jofre Soares e Leonardo Vilar, a vi cinco vezes nos anos setenta. Quantas vezes assistirei a nova versão?

VII
Fellini vai de celebridades ao submundo romano, da psicanálise à cultura pop. Sua arte é receita de fantasia.

VIII
"Da passarela às ruas" é erro de inversão. Caminho da moda vai das ruas às passarelas. Tudo nasce nas ruas, grande escola de todos os ofícios.

IX
Recapitulção: Céu é ótima (essa eu já sabia).

X
Preciso saber mais: vaquinha virtual inova financiamento de projetos.

XI
Os desertos são lindos e tentadores: Ano próximo um deles conhecerei.

XII
Continuarei não assistindo a novela das oito nem no cinema.

XIII
O Rio, hoje, tem mais bares da bossa que a bossa (nova) propriamente dita.

XIV
Continuamos produzindo surfistas até para exportação: ainda faltam motoristas de caminhão.

XV
O verão acabou, meus queridos. Mas pensamento positivo produz serotonima e dopamina, hormônios da felicidade. Uma hora de corrida por dia também, além de melhorar a forma física.

NOTA FINAL.
Leituras de bordo não trazem felicidade, só diverte e ajuda a passar o tempo de respiração incompleta.