sábado, dezembro 05, 2015

CURTA 255


Rastros são incomuns.
Registros de passagens
de um cidadão comum
(ou incomum),
pegadas da singularidade.
Não as apague.


CURTA 254


Multidões não são permanentes
resistem à duração da feira
ou dos eventos singulares
e dissolvem-se como fumaça.
Fica o resistente andarilho
um na multidão inexistente.

QUALQUER


Um qualquer qualquer
(quem o quer?)
sem querer
vai querendo qualquer coisa
qualquer coisa boa
qualquer coisa à toa
qualquer coisa loa
qualquer coisa que voa, 
ou nem voa.

Um qualquer qualquer
nem quer
qualquer broa
qualquer coroa
sobre qualquer touca
nem voz em qualquer boca
nem beber qualquer uca
em qualquer vida louca.

Bem me quer
ou mal me quer?
Mas me quer!

sexta-feira, novembro 27, 2015

MINHAS ÁRVORES


Antes havia uma buriti
no buritizeiro carioca.
Hoje descanso à sombra
de uma nogueira.
Árvores de frutas exóticas.
Terrenas
amenas
serenas
adrianas.
Buriti não deixou sinais
nas redes sociais.
Nogueira tem raízes fortes,
profundas e distantes.
Alimento-me delas.

CANDICE BERGEN


Eu era amado por Clarice,
por Doralice 
e Berenice.
Mas eu amava Candice,
uma ilusão cinematográfica.
Candice quase não atua mais
e o cinema,
onde eu a encontrava
furtivamente,
foi transformado em igreja evangélica.
Uma perdição.


sexta-feira, novembro 06, 2015

CURTA 253


Hoje eu amanheci passarinho 
às cinco horas da matina. 
Desfiz os laços de liana do ninho, 
presentei-me com um carinho, 
e voei até me perder no caminho.