quarta-feira, maio 20, 2020

RELEITURA ROSEANAS 35


No aborrecido mundo
Se mata para ver careta
Transforma o rumo da alma
Se arrepende: não foi o capeta?

Em minhas reprovadas incertezas
Mesmo sem pecado de crime
O povo de agora me arrepia
Pelo conhecimento que me alumia.

Pois já vi de tudo nesse mundo
Até mesmo cavalo com soluço
Menina de coração imundo
Rimando amor com jagunço.

Sou caboclo sertanejo
Mal navego nas ideias
Aprendi a ler de solfejo
Virei lobo de alcateia.

Aquieto meu temer de consciência
Depois de muita reza brava
Meu olhar sem maledicência
Até onça nele mirava.

Mas, me solte uma ideia ligeira
Eu a rastreio no mato
Por uma morena faceira
O fogo em mim eu arrasto.

Qualquer sombra me refresca
Que a vida é provisória
Eu sossego minhas loucuras
No sertão, quem manda faz história.

quarta-feira, dezembro 04, 2019

CURTA 285

Seu arroz era de matar
mas ela era pura magia.
Eu a ensinei a cozinhar 
ela me ensinou bruxaria.
Troca justa.

quarta-feira, setembro 18, 2019

RELEITURAS ROSEANAS 34


Lá, no meio da travessia,
O real tira sombras de buracos
Assobia copiando pássaros
Assunta nos buritizais
Traz mais dúvidas que certezas.

Lá, no meio da travessia,
A vida não deixa benfeitorias
A morte se achega desmedida
Despedidas acalentam febres
Coisas acontecidas deixam rastros.

Lá, no meio da travessia,
Onde viver é um descuido
Apego-me a meu cajado
Desfaço-me das tristezas
Aguento firme o existir.

“Na vida, tudo cabe”.