quarta-feira, julho 05, 2006

Leituras dos rastros

Saber ler os rastros dos bichos

Pode significar a sobrevivência na selva

Qualquer selva

Mesmo na selva urbana.


Saber ler os garranchos de minhas palavras

Pode ser a minha sobrevivência

De escrevente,

Quiçá poeta.


Saber ler os sons dos instrumentos

E colocar palavras neles

Significa sobrevivência da música

E dos músicos.


Minha grande frustração:

Não sei tocar um instrumento.

Só conjugo o outro verbo tocar,

O de meter o bedelho onde não sou chamado.

5 comentários:

Anônimo disse...

"Há esses novos escritores que agora só falam de carros e de semáforos. Ou seja, a parte justamente não humana e frívola da existência. No deserto, voltamos às pedras e ao pó. O homem não pode sentar e tomar um martíni porque tem que sofrer para conseguir um trago de água."
DAVID TOSCANA, escritor mexicano

Onde é o seu Deserto ? Seus versos são lindos!

D. disse...

"Posso te ler de trás para frente então? Foi a única possibilidade que tu deixaste. Então te coloco de ponta-cabeça (tens bom equilíbrio?) fingirei que estás escrita em árabe (ou chinez) e te lerei ao avesso."

Uau!! Que strike!!
Definitivamente és um sujeito "alfabetizado, letrado e culto", Paulo.

Paulo Cezar S. Ventura disse...

Vocês, leitoras, conseguem ver o invisível.

Anônimo disse...

A gente não vê. Sente.

Anônimo disse...

Ler estes - e tantos outros - rastros, parece ser o fundamental para a sobrevivência nossa! Gostei muito deste poema.