Saber ler os rastros dos bichos
Pode significar a sobrevivência na selva
Qualquer selva
Mesmo na selva urbana.
Saber ler os garranchos de minhas palavras
Pode ser a minha sobrevivência
De escrevente,
Quiçá poeta.
Saber ler os sons dos instrumentos
E colocar palavras neles
Significa sobrevivência da música
E dos músicos.
Minha grande frustração:
Não sei tocar um instrumento.
Só conjugo o outro verbo tocar,
O de meter o bedelho onde não sou chamado.
5 comentários:
"Há esses novos escritores que agora só falam de carros e de semáforos. Ou seja, a parte justamente não humana e frívola da existência. No deserto, voltamos às pedras e ao pó. O homem não pode sentar e tomar um martíni porque tem que sofrer para conseguir um trago de água."
DAVID TOSCANA, escritor mexicano
Onde é o seu Deserto ? Seus versos são lindos!
"Posso te ler de trás para frente então? Foi a única possibilidade que tu deixaste. Então te coloco de ponta-cabeça (tens bom equilíbrio?) fingirei que estás escrita em árabe (ou chinez) e te lerei ao avesso."
Uau!! Que strike!!
Definitivamente és um sujeito "alfabetizado, letrado e culto", Paulo.
Vocês, leitoras, conseguem ver o invisível.
A gente não vê. Sente.
Ler estes - e tantos outros - rastros, parece ser o fundamental para a sobrevivência nossa! Gostei muito deste poema.
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