quinta-feira, agosto 23, 2012

NOTAS DE LEITURA EM REVISTA DE BORDO 10


1.O que faz de uma casa um lar é sua cozinha. Os mineiros sabem disso. Alguns se esmeram na gastronomia acrescentando dedinhos de prosa, muitos causos e grande carinho. Cozinhar é uma forma de amar e de pecar (pecado da gula).

2. Regras de um bom cachacista (não confundir com cachaceiro): aprumar a vista para enxergar bem o que vai fazer; beber água para limpar e molhar o paladar; medir com o olhar a viscosidade do líquido etílico; fazer um brinde aos presentes, cachacistas ou não; descer o primeiro gole, fazer beiço e estalar a língua para dar certificado à boa qualidade da uca; compartilhar sua impressão com os demais, que esperam sua qualificada opinião; tomar os goles seguintes em meio a boa prosa sobre assuntos aleatórios; deixar o último gole para o santo, se a devoção lhe exige, ou para o dia seguinte, o que evita cambaleios desnecessários e vexatórios; beber mais água para hidratar e molhar o bafo; sair da mesa feliz.

3. Palavras de uma pessoa amiga: "você é uma das pessoas mais importantes na minha vida nos últimos quatro anos. Te conhecer mudou os rumos de minha vida." Ser empreendedor não é, para mim, tocar um projeto que me dará dinheiro. Ser empreendedor é tocar as pessoas de tal maneira. Sou empreendedor de posturas. 

4. Todos querem escrever uma canção, ou um poema, que seja eterno. Eterno é o romantismo, pois marca o coração das pessoas. Então, um viva à música romântica e ao poema de amor.

5. A imaginação é uma grande companheira. Desnecessário checar dados e compartilhar hipóteses (de merecido apreço dos cientistas, por dever de ofício) para o que se escreve sob a tutela apenas da imaginação. Quando eu crescer quero conservar a minha.

6. São muitos os azuis. Além do azul do mar (que sempre muda de tom), do azul do céu, do azul dos olhos de meu avô branco-europeu (os brancos também são muitos), do azul furta-cor, do azul-marinho tradicional (apesar do nome não se parece com o azul do mar), tem também o azul-nada-consta, que minha imaginação ousa inventar, pois está além do horizonte, Onde nunca estive. 

7. Viajo de São Paulo a Manaus, na janelinha, claro. Visões de marrons, vários marrons, uns mais claros, outros mais escuros, que, aos poucos vão se entremeando com alguns verdes. Os marrons diminuem enquanto aumentam os verdes. De repente, o mundo abaixo de mim se esverdeia, quase unicolormente (a poeira atmosférica iludia as tonalidades de verde) se não fossem alguns marrons insistentes. E azuis-água-de-rio também.

8. O melhor da cozinha é sua margem para a invenção, para as transformações e para o aprendizado. Quem quer aprender sempre, vai para a cozinha.

9. Rebouças, Bocaiuva, Camburi e Caruaru. Peruíbe, Jequehy, Ubatuba e Camboriú. Buritis, Ibiapaba, Ubatuba e Inhuçu. Tinguá, Maringá, Mauá, Acauã e Bauru. Territórios do Brasil.

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