Caminhava pela casa carregando meus escuros
No distanciamento imposto desumano
Falando com sobejo de esforços.
E contando meus causos inventados,
Minhas artes que eu amo tanto:
Tudo são histórias de hoje e sempre.
Porque comigo não tem ontem e amanhã.
A gente sobrevive é assim mesmo:
No desiludido e no misturado.
E foi sonhando com aquela beira de rio
Bem no caminho do meio da correnteza
Que esbarrei naqueles olhos.
E a doçura daquele olhar
Me fez ver as cores do mundo.
Minha sombra, que me acompanhava,
Queria aquela novidade quieta
Para espantar meus tormentos
Para esconder meus desassossegos.
A luz dos olhos que ilumina veredas
Desamarrou desavenças encolhidas
Estancou e costurou feridas encalhadas.
A transformação desferida no encontro
É chama que assopra a vaidade
É amor que brota e cresce, de verdade.