Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
segunda-feira, setembro 24, 2007
Sangue e alegria
Sentimentos paradoxais:
oposição de simbolismos
em torno do mesmo fato -
fuga de meu pássaro preto
sangra e alegra meu coração.
Sangra
por flecha certeira
atirada em meu peito
sobre ferida há muito tempo aberta.
Para não manchar de vermelho
o assoalho de meu tapiri
coloquei uma tijelinha
a aparar o sangue
de minha veia aberta:
realimento-me antes que transborde.
Alegro-me
pela soltura das amarras
de meu pássaro engaiolado.
Agora ele voa em outros varadouros
sobrevoa outros seringais
pousa em outras moradas
das serras morenas
de lianes entrelaçadas.
sábado, setembro 01, 2007
sábado, agosto 25, 2007
coração de mergulhador
Eu te amo sem preâmbulo
eu te sigo sem cão de guia
sem bússola nem pedrinhas
para me mostrar o caminho de volta.
não tenho afta
mas leio kafka
e como tabule no jantar
e penduro meu coração no escafandro
para que ele molhe no mergulho.
RELEITURAS ROSEANAS 05
Na terceira margem
eu cismo
me encarrego de sofismas
desempalpáveis.
Na terceira margem
minhas coragens se anuviam
e se arrependem
do desembainho da faca
cortante.
Na terceira margem
a esperança
se desalumia
no despropósito
de tristes palavras.
Mas eu sorrio
sou rio
na terceira margem
do rio.
Sou peixe
desentoco
no fugidio da pesca
nos entretraços da rede
no desenlace da façanha
de remar
e remar
e remar.
Embora vou-me
para a margem do meio.
RELEITURAS ROSEANAS O4
Caminho ouvindo música
sigo até onde a canção me leva
desafobado
sossegado.
Calma artesanal
de quem fabrica vácuos
e cheira tolerâncias na atmosfera!
quinta-feira, agosto 23, 2007
O PÃO DO DIA
Hoje comerei o dia
salpicado de gotas de sol
regado a vinho do Porto.
Se estiver bom
como estará, eu creio,
partilha-lo-ei
com uma morena da serra
e a colibri de meu jardim.
quarta-feira, agosto 22, 2007
VINGT CENTIMETRES
Je suivis une femme dans les rues.
Peau claire, yeux noirs, cheveux noirs
corps fin, bouche grosse et plaine
et une très tremblante façon de marcher.
Métropoles multiple et polyvalent,
Il est difficile lier les gens à la ville.
Mais je la suivis par un détail:
une partie nue de son dos.
Vingt centimètres entre la mini blouse
et la ceinture de l’indigo blues.
Jolie dos
à bouger malicieusement
en marchant délicieusement.
Je la suivis par autant des rues
jusqu’au moment qu’elle entre
méfiante
dans une boutique.
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