sábado, setembro 30, 2017

RELEITURAS ROSEANAS 25


A chuva veio, enfim,
apaziguar carência de terra
depois de muita reza
em cem dias de sequidão.
Reza rezada com descrença?
Dança da chuva embolada na poeira?
Sei não! Mas desconfio dos deuses.

Nesse entremeio, ficou o receio,
no interno da coragem,
nas reticências do corpo,
no calo do coração,
de escutar e contar
coisas divagadas, devagar.

Faca se afia no rela-rala
com outra faca.
Pedras rolam e também se ralam
e se arredondam no raso do rio,
tão raso, na seca das águas.

Mas a chuva veio
no tempo que desmente
minha antiga mocidade.
E me mata de saudade
de minha mulher neblina
que me anuvia os olhares
olhando o distanciado ocaso,
onde o pensamento é mais forte
que o coração do lugar.

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