Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
quinta-feira, julho 15, 2010
quarta-feira, julho 14, 2010
CURTA NÚMERO 09
Nada que eu escrevo
é sobre mim mesmo,
é sobre meu outro eu.
Tudo que eu escrevo
é outrobiográfico.
quinta-feira, junho 24, 2010
FUTEBOL É POESIA
Por décimos de segundo a bola se esconde.
Vigiada de todos os lados:
32 olhos eletrônicos a observam
mapeiam
redesenham sua trajetória
fiscalizam suas puras curvas
conceituam seus humores
assertivam suas negativas
postulam suas imposturáveis regras.
Mas a bola, vingando-se de seus criadores
dos laboratórios das genéticas tecnológicas
dos materias insofismáveis,
deixou cegos e atônitos
milhões de espectadores.
Onde esteve nesse imensurável décimo de segundo?
Na linha do gol
ou em suas entrelinhas?
Vigiada de todos os lados:
32 olhos eletrônicos a observam
mapeiam
redesenham sua trajetória
fiscalizam suas puras curvas
conceituam seus humores
assertivam suas negativas
postulam suas imposturáveis regras.
Mas a bola, vingando-se de seus criadores
dos laboratórios das genéticas tecnológicas
dos materias insofismáveis,
deixou cegos e atônitos
milhões de espectadores.
Onde esteve nesse imensurável décimo de segundo?
Na linha do gol
ou em suas entrelinhas?
domingo, junho 20, 2010
VALE A PENA VIVER 09
Mais de quarenta anos de futebol
Essas pernas correram
Como se corre atrás de sonhos
Como se corre atrás de pequenas ilusões,
Ou grandes, não importa.
Não fui craque da peleja ludopédica
Apenas um atrevido peladeiro
Dos clubes factoriais e de companheiros,
Fanáticos como eu, talvez.
Pedalei o suficiente para lembrar
Da insustentável leveza da redonda
Amortecida no peito,
Descendo em câmara lenta pelas pernas
Até chegar, mansa e macia, nos pés
Que tentavam sempre a grande jogada:
Talvez não viesse, tal grande jogada,
Talvez a perdesse para um adversário
Qualquer coisa na sequência
era uma grande jogada
e, honestamente, viveria de novo:
reivindico a marcha-ré de Chronos,
o movimento no sentido anti-horário,
o retorno, que breve seja,
a um instante fugaz de alguns anos atrás
para, de novo, sentir essa alegria ínfima,
porém majestosa, de correr depois do gol.
quinta-feira, maio 20, 2010
EM TEMPOS DE COPA
Mais velho queria ser
Para dizer aos netos que ainda virão:
Meninos eu vi.
Eu vi Nilton Santos,
O Enciclopédia do Futebol,
Jogar na esquerda lateral dos gramados da vida.
Infelizmente, isso aconteceu apenas nos memoriais
Televisivos e nos imaginários dos peladeiros oficiais
Como eu: quarenta anos de pelada,
Canelando naquela canhota faixa dos campos.
Claro, eu ouvi o Nilton Santos jogar
No grande rádio a válvula,
Construído por meu pai
Em curso de eletrônica por correspondência,
E postado no canto nobre da sala de visita
Da casa de minha infância
Na entrada da Mata do Jambreiro.
Tentava fazer no campo de várzea
A quinhentos metros de casa
Nas peladas depois das quatro da tarde
As geniais jogadas do mestre.
Triste ilusão: meus chutes de trivela
Só aconteceram em meu coração
E ainda carrego como sina de torcedor
A estrela solitária do Botafogo:
Tornei-me, precocemente, sofredor.
domingo, maio 09, 2010
Eu, o irresponsável
Certo dia, beirando cinqüenta,
Encontrou-me antigo colega
Adentrando-me na paisagem urbana
Meio à preguiça de plantar-me no parque
Desencorajado de cheirar imobilidades
E ler a língua de sinais dos pássaros mudos.
Você não envelhece, meu caro,
– disse-me –
também pudera: sempre foi irresponsável!
Claro – respondi –
Assumi a irresponsabilidade de meus atos
Antes mesmo de responder absurdos
E demolir conjecturas.
CURTA NÚMERO 08
Palavras são sujas:
quando se poemam
clarificam-se
Pedras, dores e poeiras do caminho
iluminam-se
ao arredondamento das frases.
É a força da Poética.
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