sábado, setembro 09, 2006

Marte em Libra


Marte em Libra
Má pontaria na rotina.
Comecei o dia de porre
Não etílico
Basílico
Hesitativo
Pendurativo.
Vontade ficou na cama
Minha sombra desceu as escadas do quarto.
Sonâmbulo e meditativo
Curto o sol de setembro
Espero pela primavera
Observando vai-vem de calangos
Do jardim de cactos.

Quem sabe ELA

(a primavera?)
Chegue antes da chuva
Com seu alento
Soprado no vento
Como música lenta
Boa de dançar abraçadinho.

Hoje não quero pensar em nada

Fazer nada
Falar nada
Nem sorrir nem chorar
Manter os olhos abertos basta
Antenas da observação ligadas,
Suficiente.
Contento-me com a nota de rodapé
Com o pé de página da história
Deste Sábado ensolarado.

Hoje quero ser ingênuo,

Falar de amor como lema
De construção da civilização
Saudável, crítica, sem violência.
Ingenuidade não basta para distanciamentos
De mim mesmo.

Não sou triste nem pessimista:

Estou de porre a-criativo
A-amoroso
A-sexual.
Acalento a idéia da virada histórica
De todos os símbolos.

Que venha, Marte,

Dar sua volta em todos os signos.
Que venha para Touro,
Novamente.

3 comentários:

Anônimo disse...

A chuva chegou antes da primavera... Mas não importa, Urbano, o importante é que ELA virá mesmo depois da chuva. Leandra

D. disse...

Canção da Primavera

(Para Érico Veríssimo)

Primavera cruza o rio
Cruza o sonho que tu sonhas.
Na cidade adormecida
Primavera vem chegando.

Catavento enloqueceu,
Ficou girando, girando.
Em torno do catavento
Dancemos todos em bando.

Dancemos todos, dancemos,
Amadas, Mortos, Amigos,
Dancemos todos até
Não mais saber-se o motivo...

Até que as paineiras tenham
Por sobre os muros florido!

D. disse...

Canção de Inverno
(Para Paulo Ventura)

Inverno gela o rio
Embala a insônia na qual dormes
Na cidade frígida
Inverno vem uivando.

Coração endureceu
Ficou mudo, mudo
Dentro do coração
Hibernam amores de verão.

Durmamos todos, durmamos
Vampiros, Amantes, Sonâmbulos
Durmamos todos até
Não mais saber-se o motivo

Até que os sonhos tenham
Sob os travesseiros escorrido.