quinta-feira, setembro 07, 2006

Versos e reversos


Hoje tentei fazer tudo certo
Pinguei todos os is e até os jotas
Craseei os às corretamente
Coloquei vírgulas e ponto-vírgulas
nos bons lugares.
Segui as regras
Escrevi certo em linhas retas
Floreei alguns versos
Melodramei outros
Enxuguei frases molhadas
Reguei palavras secas
Mas nada saiu como previsto.

O texto saiu queimado do forno
O verso por demais apimentado
A estrofe ficou aguada
Não consegui beber a poesia socialmente:
embriaguei-me.
Troquei as chaves da frase explícita
Entrei pela janela do conto fantástico
Dormi no sofá da crônica enluarada.
Acordei com ressaca de romance policial.
Mas tenho no bolso um beijo
comprado na padaria da esquina.

3 comentários:

D. disse...

Nunca mantenha um beijo de padaria em cativeiro
Eles ressecam e endurecem como os corações femininos
Beijos de padaria devem ser consumidos na hora, ainda quentes
sob sonoros crecks!
Por dentro são brancos e macios
Derretem na boca e alimentam desejos dormidos.

Paulo Cezar S. Ventura disse...

Foi uma das coisas que deram errado. O beijo ressecou e eu não tinha nada para justificar os outros passos errados. Da próxima vez terei algo que dure um pouco mais de sobreaviso no bolso da jaqueta. Uma sempre-viva, por exemplo. Dura e agrada corações femininos de várias naturezas. Não todos, mas aqueles com espírito selvagem e aqueles que amam a Serra do Cipó.

Anônimo disse...

Nossa, poetiza respondendo ao poeta, poeta respondendo á poetiza e eu entro no meio só pra lhes dizer. Ambos são talentosos! Lindos Escritos! Parabéns! Leandra