Poesias urbanas, do cotidiano, da natureza das coisas, são temas do poeta. Seu universo poético varre, principalmente, os poemas curtos, incluindo haicais e aldravias, além de outros, sínteses de variadas inspirações filosóficas e mundanas.
sexta-feira, agosto 17, 2007
RELEITURAS ROSEANAS 03
Conversa de aranha não tece a teia
Calangos são quem me escutam
Linguajar de noturnas notas
Em minutos mansos da madrugada
Quando me aperfeiçôo em grandes causos
De se contar sem meias-palavras.
Arremesso-me nesses discursos
Arremedo-me nesses meus percursos
Com dotes de amansar leoas.
Asseguro-me que Marte não vire Lua
De encabular filósofos.
Neste passo vou me enveredando
Minha garça em graça de vôo até Viena
E a cana caiana se engarapa
De tão doce na garganta se encanela.
Um beijo estalante acalanta
No colo suave se assanha
Taramela de meu corpo se fecha
Encerrando sonhos e poemas acumulados
Em gavetas empoeiradas de minhas entranhas.
quinta-feira, agosto 16, 2007
RELEITURA ROSEANA 02
Tudo se amacia na tristeza
Pronto abandonada ao largo
Dos tristes trópicos:
Sei nada não.
Aquela saudade permanece abandonada
É na alegria que me reconheço!
Deixei minhas infâncias adormecidas
Naquelas matas montanhosas de minha cidade
De crescer e virar gente.
Maluquice de garoto amanhece o dia.
Quem me dera ver
O florescimento arrebatado
Daquele meio-dia?
Quantas horas de sol sobre a pele
De pintas e pelos de jaguatirica?
Quase felino caminho
Quase bicho cheiro
Quase mata verdejo
Quase peixe mergulho
Na clareza das águas rasas
Dos rios bronzes de pedra
Adormeço!
quarta-feira, agosto 15, 2007
ESPELHO, ESPELHO MEU
Espelho, espelho meu,
Não me olhes com esta cara
Fico com medo de ti.
Hoje amanheci azedo
Frustrado pelas desditas do Ontem
Ansioso pelos encargos do Hoje
Por favor, dê-me um sorriso!
Olhe-me com carinho
Enquanto faço a barba
E penteio meus já ralos e grisalhos cabelos
Senão parto-te em mil pedaços!
Arrisco-me a sete anos de azar
- é a maldição dos espelhos –
e uma mão cortada pelos teus cacos.
Teus cacos, não se juntam mais.
Estás condenado, espelho meu,
A mirar-me com alegria
Para o bem de nós dois.
segunda-feira, julho 23, 2007
RELEITURAS ROSEANAS 01
Sou feliz quando me descuido
de mim mesmo.
A gente se descobre nessas horas
fugidias
descompromissadas
descuidadas
em que os ponteiros se descolam dos relógios
e as clepsidras se inundam.
Quando o bom da gente
aflora sem querer
pois o ruim
está presente em todos os momentos.
sábado, junho 09, 2007
TEMPO REAL
Tempo real
é o tempo que desaparece.
Se o tempo desanuvia no espaço
o que resta?
O espaço?
Se a velocidade do tempo
suprime o espaço
a velocidade também
entra em extinção simbólica?
nem fim da história
nem fim da geografia,
tempo e espaço
almas gêmeas das territorialidades
sobrevivem em complexa simbiose,
em territórios ontológicos
ou reorganizados.
Tecnologias trazem
desterritorialização
das tribos sobreviventes:
as tribos sempre sobrevivem
em novos territórios
materializados à fórceps.
Catarses e emblemas
Campos sem girassóis não alimentam pássaros
amazonas desmatada ostenta deserto de ossos
horizontes negros de fumaça
de plásticos queimados
amortecem odores de dioxinas
Biocombustíveis dos paradoxos tecnológicos
mamonas assassinas dos campos e cerrados
movimentam vida de centros urbanos.
Mulheres pobres dos aglomerados
alimentam os filhos com balas carameladas
e batatas fritas de sacos plásticos coloridos.
Desnutrição embelezada
abastece dores de dentes cariados.
Alguns poemas são prévias de suicídios
catárticos e emblemáticos
evitam a dor (ou a antecipam)
da morte premeditada:
Ninguém morre só de palavras.
A boca e o sorriso da morena
passeando em minhas texturas
acalentam minha sanidade.
Escrevo poemas cáusticos
para sacolejar minhas alegrias.
Um dia aprendo a cantar uma música
e minha voz grave entorpecerá o ambiente.
terça-feira, junho 05, 2007
BRINCADEIRA DE DEUS ARTISTA
Esculpi uma boca na porcelana
dos pensamentos cotidianos
com cinzel e martelo
da oficina de projetos a serem patenteados.
Queimei-a no forno
das cerâmicas de altas temperaturas.
Sobre a peça reluzente
e ainda quente
pintei um sorriso deslumbrante
da cor de baton
entre o vermelho das paixões
e o claro dos amores serenos.
Deslumbrado com a beleza
da peça esculpida
como um miguel
anjo de tempos pós-modernos
disse - viva - e a beijei.
Surgiu uma linda morena
compondo a boca esculpida.
Brinco de deus artista
mas não fabrico mulheres em série.
Só as que convido para o amor.
dos pensamentos cotidianos
com cinzel e martelo
da oficina de projetos a serem patenteados.
Queimei-a no forno
das cerâmicas de altas temperaturas.
Sobre a peça reluzente
e ainda quente
pintei um sorriso deslumbrante
da cor de baton
entre o vermelho das paixões
e o claro dos amores serenos.
Deslumbrado com a beleza
da peça esculpida
como um miguel
anjo de tempos pós-modernos
disse - viva - e a beijei.
Surgiu uma linda morena
compondo a boca esculpida.
Brinco de deus artista
mas não fabrico mulheres em série.
Só as que convido para o amor.
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