segunda-feira, agosto 14, 2006

(de novo)



Enquanto escrevemos em cima de um nada
tudo re-acontece no espaço vago em torno de mim:
meu time perdeu
(de novo)
minha mulher viajou
(de novo)
meu coração disparou
(de novo)
me encantei com os olhos da poeta
(de novo)
minha mãe me sorriu
(de novo)
minha filha me beijou
(de novo)
meus olhos merejaram ao ver meu pai feliz
(de novo)
sonhei com a deusa de trás da serra
(de novo)
a rola-moça pegou fogo
(de novo)
teus poemas me deixam em efervescência
(de novo)
versos despontam como pedras
atiradas pelos não pecadores
(de novo).
Mas confesso - não consigo parar de pensar
que eu possa encher os vácuos da vida
com estas frases ligadas
estas conversas amarradas
como redes de pescador
em busca de uma bela anchova
ou (quem sabe?) de uma sereia.
Se eu não fosse Ulisses
me perderia nessa Odisséia.


4 comentários:

D. disse...

Conversas fiadas com agulhas de crochê: não tem preço.

Debora disse...

conversas amarradas com fitas de cetim

Paulo Cezar S. Ventura disse...

conversas tecidas com fios de seda: não se perdem.

D. disse...

Blá blá blás - fios de ouro nas mãos do poeta.