domingo, agosto 20, 2006

INDIVÍDUO



Não sou liberal
não sou conservador.
Eu sou UM
INDIVÍDUO.

Não pertenço a tribos
nem a escolas
não escondo em trincheiras
não habito em guetos
não frequento igrejas.
Não caibo em panelas
embora seja sempre fritado.

Meu mundo cabe em minha mochila
onde tem um livro
um canivete
(todo homem devia ter um canivete
símbolo fálico poderoso
que trazemos desde a infância
vivida no interior)
uma chave de fenda
uma caneta
um caderno de anotações
(poesia não avisa quando vem)
um par de óculos
(presente do portal do tempo)
uma agenda
(sou homem de compromissos)
e muitas lembranças.

Não sou politicamente correto
sou a favor de cotas
odeio patrulhas
não filio a partidos
voto sempre nos contrários

à elitização nacional.

Não sou branco
não sou negro
não sou índio.
Sou pardo
sou mestiço
aquele que não parece nada
por ser mistura de tudo.

Preciso aprender sempre
para me desvencilhar de rótulos
das amarras
e ter pensamento livre.

Não sei rezar nem orar:
sou animista.

Meus animais de estimação:
uma onça pintada -
encontro-a regularmente,
ensinou-me sutilezas
de observação e convivência;
uma casal de saíras -
visitantes de meu jardim
cagantes em minha janela;
uma família de calangos -
predadores de insetos
de meu quintal.

Não me apego a objetos
não consigo carregá-los
em viagens e mudanças:
não moro três anos no mesmo endereço.

Não sei dar nó em gravata
evito cair em armadilhas
reais ou intelectuais.

AMO AS MULHERES!

4 comentários:

Debora disse...

Não sei o que eu sou
Nem o que não sou
Não sou tão ruim
Nem tão boa
Não tenho tribo
Não me coloco rótulos
Nem cercas
Sou muito herética para ser uma cristã
E muito cristã para ser herética
Acredito que no fundo no fundo o cristianismo tem coisas boas
Na minha bolsa tem um universo...logo apos o big bang...o caos
fluoxetina, batom, rímel, alguns trocados, papéis, papéis e alguns contra-cheques que nunca abro...pra evitar aborrecimentos desnecessários...tenho essa mania de não encarar a realidade de frente
e para dizer que não falei das flores quero uma amor fênix sempre ressurgindo das cinzas

D. disse...
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D. disse...
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D. disse...

Não sei quem você é
Nem o que você sente
Nem me interessa o amor-carente

Já tive o amor-objeto
Direto
Animado
De desejo

O amor-beijo
De língua
De flor
E traição

Procuro agora um amor-capacho
Uma amor que adore me ver por baixo
E que goze sob a pressão do salto
ALTO

Um amor-precipício
Condenado desde o início à poesia
Verso. Rima. Cadência.
Sujeira. Servidão. Obediência
E podofilia